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SOCIOEDUCANDOS DA SEMILIBERDADE ASSISTEM ESPETÁCULO TEATRAL EM ALUSÃO AO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

publicado: 20/11/2021 17h54, última modificação: 20/11/2021 17h59
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Os socioeducandos que cumprem medidas judiciais de semiliberdade na Fundação Desenvolvimento da Criança e do Adolescente “Alice de Almeida” (Fundac), participaram de ação em alusão ao Dia da Consciência Negra (20 de novembro), na tarde desta quinta-feira (18), no Teatro Ednaldo do Egypto.

Segundo Andreina Gama, coordenadora do eixo Diversidade da Fundac, a ação é fruto da parceria entre a Fundac, através dos eixos: Diversidade Étnico Racial, Gênero e Orientação Sexual; e Esporte, Cultura e Lazer (coordenado por Nilton Santos), com a atual gestão do Teatro Ednaldo do Egypto (Letícia Rodriguez) e levou a temática e a discussão acerca da população preta para a socioeducação, mesmo que não tenha atingido todos os adolescentes e jovens da Fundação.

Durante a visita ao Teatro Ednaldo do Egypto, os socioeducandos da unidade de Semiliberdade da Fundac tiveram a oportunidade de assistir ao espetáculo intitulado “Catiço”, encenada por Thiago de Assis, que retrata um pouco do Brasil preconceituoso no interior nordestino.

"Catiço" é um espetáculo baseado em fatos reais que aconteceram entre 1915 e 1932, no sertão do Ceará, onde campos de concentração conhecidos como “currais”, foram montados para abrigar famílias de agricultores, quando o país passava por uma das maiores estiagens e seca nordestina. Nesses currais, às vítimas da seca passavam a ser aprisionadas e realizavam trabalho forçado, para evitar a migração em massa à capital do estado.

“Para mim é um privilégio fazer com que as pessoas acreditem que a arte ensina a viver e salva vidas. Eu acredito muito na arte, nos seus significados e no conhecimento cultural que ela traz”, enfatizou Thiago de Assis.

Os jovens se identificaram bastante com a ação que contou ainda com a presença da direção, dos agentes socioeducativos, da equipe técnica e pedagógica da Unidade, sendo amplamente aceito por todos os presentes, diante da discussão acerca da diversidade humana.

“O Eixo tem essa importância de discutir o que é diversidade humana e é muito gratificante quando temos esse feedback bom que contou ainda com uma apresentação musical no palco, de um socioeducando que pela primeira vez subiu ao palco para cantar um rap, isso é representatividade. Momento que deve ter sido tão importante para ele, como foi para nós presentes”, relatou a Andreina.

O jovem L. L. achou o teatro muito bacana. “Foi muito bacana esse passeio ao teatro por que o espetáculo falava sobre o sertão, a seca e sobre o negro, além de ter tido a oportunidade de cantar o rap que eu fiz. Não é todo mundo que tem coragem de se expressar como o ator fez nessa peça, por que eu também já passei por muito racismo e fui muito julgado. Graças a Deus deu tudo certo”, desabafou.

E.G.D ficou muito grato pela oportunidade que teve de comparecer ao teatro e assistir uma encenação falando sobre o sertão. “Fiquei impressionado com a expressão corporal do artista que foi muito intensa, além do que ele passou de conhecimento. Achei muito bom o que eu vi lá. Se tiver mais oportunidade, eu agradeço imensamente”, disse.

Para Davi Lira, diretor da Semiliberdade, foi muito gratificante levar os adolescentes e jovens que cumprem a medida de Semiliberdade para assistir a uma peça teatral, tendo em vista, a importância da cultura para o aprimoramento do conhecimento e ressignificação de seus valores. “Foi uma satisfação para nós poder assistir ao espetáculo e participar de um bate papo com a produção do “Catiço”. Um momento muito rico de informações sobre o tema e conhecimento sobre a arte”, comentou.

Letícia Rodriguez, gestora do teatro e diretora do espetáculo, acredita que o momento foi um divisor de águas. “O teatro é para todos, seja qual for o espetáculo, e receber esses jovens nesta casa é muito importante ainda mais quando termina com a participação de alguém da plateia que sobe ao palco e canta seus anseios e desejos. Isso é um sinal de que ele assistiu a peça, querendo está no palco”, lembrou.