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Paraíba tem o 4º maior número de inscritos na 2ª Jornada da Leitura no Cárcere

publicado: 22/09/2021 11h51, última modificação: 22/09/2021 16h06
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A Paraíba ocupa a 4° posição Nacional em número de inscritos na 2ª Edição da Jornada da Leitura no Cárcere. São 452 pessoas inscritas. Reeducandos de 18 unidades prisionais estão participando, além de policiais penais, juízes, servidores de várias instituições, professores, gestores, representantes de movimentos sociais, universidades, dentre outros segmentos da sociedade brasileira.

“A leitura muda as pessoas" afirma o educador Paulo Freire, “e é nessa máxima que acreditamos, que através da educação podemos salvar vidas, ofertando a possibilidade do conhecimento, para que após o cumprimento da medida de privação de liberdade, o reeducando retorne ao convívio social e passa escolher um futuro melhor”, revela do diretor da Penitenciária Romeu Gonçalves Abrantes, policial penal Leonardo Novaes.

Segundo o reeducando I.C. “A leitura no cárcere faz com que o preso tenha uma ocupação digna, aumente sua inteligência, para fazer boas escolhas, além de contribuir na remição da pena, o que serve de estímulo, mas que na verdade o que se ganha é o conhecimento”.

Na Paraíba a equipe da Gerência de Ressocialização esteve mobilizada para as inscrições e apoio pedagógico nas unidades participantes, com recursos visuais e de áudio.

 O evento é uma iniciativa do Observatório do Livro, apoiada pelo Programa Justiça Presente – atual Fazendo Justiça, uma parceria entre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e o Ministério da Justiça e da Segurança Pública, por meio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). A jornada é transmitida ao vivo no link https://youtu.be/rUc5ye494dE, de forma gratuita. As inscrições ainda estão abertas e podem ser feitas no endereço: https://observatoriodolivro.org.br/jornada-carcere.

O objetivo da jornada é incentivar a leitura e escrita para pessoas privadas de liberdade no sistema prisional brasileiro. A ação também busca desenvolver e atualizar a formação de educadores e monitores que atuam no sistema prisional, e formar pessoal e voluntários para apoiar a ampliação da rede de projetos de leitura na prisão.

A segunda edição da Jornada de Leitura no Cárcere começou nesta terça-feira (21) e continua até a quinta-feira (23) com transmissão pelo YouTube e redes sociais. Os trabalhos começam sempre às 14h30 e vão até 17h. No primeiro dia foi destacada a importância dos avanços recentes na área para a estruturação de uma política de leitura intramuros com fortalecimento da cidadania, do protagonismo e da integração social. Um dos destaques mencionados na abertura foi a aprovação recente da Resolução CNJ nº 391/2021, em que o plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) regulamentou a remição de pena por meio de práticas sociais educativas.

A Jornada é uma realização do CNJ e do Observatório do Livro e da Leitura (OLL), com apoio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) por meio do programa Fazendo Justiça, que tem ainda o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento como um dos parceiros. Estão participando mais de 8,5 mil pessoas em unidades prisionais em todo o país, além de outros 800 inscritos, que podem acompanhar o evento ao vivo pelo canal do CNJ no YouTube.

“Esta segunda edição da Jornada de Leitura no Cárcere é uma nova oportunidade de valorizar práticas promissoras que reúnam magistratura, profissionais e voluntários da educação, servidores penais e pessoas privadas de liberdade em torno da garantia desse que é um direito universal”, destacou o coordenador do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Sistema de Medidas Socioeducativas do CNJ, juiz Luís Lanfredi.

De acordo com a diretora-geral do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Tânia Fogaça, somente em 2021 foram distribuídas mais de 266 mil obras literárias a unidades prisionais das 27 unidades federativas, com investimentos de cerca de R$ 4,5 milhões provenientes do Fundo Penitenciário Nacional. São obras que incluem clássicos como Dom Casmurro, Crime e Castigo e A Volta ao Mundo em 80 dias.

“O Depen incentiva a leitura nas unidades prisionais, inclusive para que as pessoas presas possam ser credenciadas à remição de suas penas por meio de uma atividade educativa. Este investimento faz parte do conjunto de ações para que essa população tenha a oferta de leitura oferecida pelo Estado e, assim, garantido o acesso a ações que irão contribuir para sua ressocialização”, disse Tânia Fogaça.

A abertura do evento contou ainda com a participação do presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marco Lucchesi. “A remição de pena fala da liberdade através da leitura. Se isso é importante no cárcere, para nós que estamos aqui fora também é, pois há uma única sociedade brasileira. O Conselho Nacional de Justiça e o Supremo Tribunal Federal têm demonstrado com grande vigor a necessidade da justiça e o significado e a métrica desse processo”.

Para o presidente do Observatório do Livro e Leitura, Galeno Amorim a leitura vai além da decodificação de palavras para permitir o encontro com um novo significado de vida e de mundo. “Ler um bom livro transforma e ressignifica trajetórias – é sobre isso e muito mais que trataremos nesses três dias da II Jornada da Leitura no Cárcere”.

Fazendo Justiça

Em sua 1ª edição realizada em 2020, a Jornada de Leitura no Cárcere mobilizou 2,5 mil participantes em todo o país, sensibilizando atores dos Poderes Judiciário e Executivo, sociedade civil, universidades, editoras, pessoas privadas de liberdade, egressas das prisões, estudiosos e entusiastas da área.

Está em andamento um censo nacional sobre leitura nos espaços de privação de liberdade com o objetivo de identificar as condições nas bibliotecas e acervos nos estabelecimentos prisionais e socioeducativos de todo o país para a criação de bases sólidas para proposição e aprimoramentos na área.

 

Ascom/Seap com Marília Mundim da Agência CNJ de Notícias