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No Dia Nacional do Livro, testemunhos de educadores e reeducandos sobre esse instrumento do conhecimento
O poeta gaúcho Mário Quintana certa vez escreveu estas sábias palavras: “Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas”. O 18 de abril é o Dia Nacional do Livro. No 23 de abril, comemora-se o Dia Mundial do Livro, esse milenar instrumento do conhecimento que tem o poder de fazer crescer intelectualmente as pessoas e, assim, provocar a evolução das sociedades.
Se os livros potencializam o intelecto dos cidadãos e cidadãs livres, também transformam mentes de pessoas que cumprem pena e que estão em privação de liberdade. No sistema prisional brasileiro a leitura e resenha de livros têm reduzido a pena de homens e mulheres sentenciados pela Justiça.
Nas prisões da Paraíba, os últimos anos têm registrado um aumento no número de reeducandos interessados nas atividades educacionais e, além das salas de aulas, as bibliotecas das unidades prisionais são ambientes para o encontro dos apenados com os livros. O secretário João Alves de Albuquerque tem acompanhado essa revolução silenciosa que tem transformado vidas e sua gestão tem seguido as metas do Governo do Estado em ressocializar um número cada vez maior de pessoas que cumprem pena.
No presídio Sílvio Porto, em João Pessoa, extraímos a seguinte opinião formulada por dois reeducandos sobre a importância do livro: “Tanto a leitura como a escrita são práticas sociais de suma importância para o desenvolvimento da cognação humana, isso porque elas exigem concentração e reflexão. Ao ler, podemos parar, refletir, rever e chegar a novas conclusões. Para nós, o livro é a maior fonte de conhecimento”.
A equipe de professores (as) da Secretaria da Educação que atua nas escolas do sistema prisional paraibano – hoje 65 profissionais – tem cumprido a missão de reeducar pessoas, incentivar o gosto pela leitura. Sobre o hábito da leitura a professora Welma Santos, da Escola Estadual Graciliano Ramos, com sede no presídio Sílvio Porto, escreveu: “Ler estimula o raciocínio, ativa o cérebro, aumenta a imaginação, melhora o vocabulário, desenvolve o pensamento crítico, combate o estresse, dá um gás motivacional, amplia a criatividade, estimula a capacidade de concentração, e o leitor transforma a sua escrita em dicção. Ler significa viajar pelo mundo sem sair do lugar”.
Já a professora Dêis Maria nos relatou o seguinte: “Certa vez me bateu uma vontade enorme de conhecer a Grécia antiga e atual, entender sobre a riqueza cultural, filosófica histórica. Do mesmo modo, quis conhecer as pirâmides do Egito, lembrei que não disponho de recursos financeiros, e agora? Abri um livro. A leitura nos possibilita viajar, e o mais importante, adquirir conhecimento. E conhecimento é poder. Todos nós temos esse poder, se quisermos viajar pelo mundo dos livros”.
Fruto do gosto pela leitura e de seu talento poético a reeducanda Marina Oliveira realizou recentemente seu sonho de ver seus poemas em livro. Ao saber sobre seus planos, o governador João Azevêdo decidiu pela publicação do livro Catarse Literária, da poetisa Marina, atualmente em privação de liberdade. Seu livro foi lançado no Salão do Artesanato Paraibano, em João Pessoa e exemplares estão chegando às bibliotecas de nossas prisões para que sirva de inspiração a outros tantos reeducandos no processo contínuo de ressocialização de pessoas pelo Governo do Estado através da Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap).
Em Campina Grande, no presídio Raimundo Asfora, um reeducando ganhou prêmio estadual de literatura de cordel e almeja lançar seu livro na edição do Salão do Artesanato esse ano em Campina Grande. No presídio padrão de Santa Rita também há um poeta em franca produção. Certamente o acesso a livros contribui com o despertar de talentos literários de pessoas privadas de liberdade, porém, livres para pensar e escrever.
Por: Josélio Carneiro – policial penal e jornalista / Ascom - Seap