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Projetos selecionados pela Lei Paulo Gustavo na Paraíba começam a ser executados nos primeiros dias de 2024

publicado: 10/01/2024 19h12, última modificação: 10/01/2024 19h12
Festa de cultura popular, curta-metragem, festival de cinema. Com o pagamento dos recursos por parte do Governo do Estado, projetos começam a ser executados pela Paraíba.
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Foto: Kamoka Lab
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Noite de 6 de janeiro de 2024. Na sugestiva Rua da Alegria, em um palco montado no meio da via, diferentes grupos de arte, dança e música populares se apresentavam durante a Festa de Reis do Bairro dos Novais, em João Pessoa, um tradicional evento realizado no bairro e que este ano contou com recursos provenientes da Lei Paulo Gustavo na Paraíba. Foi o primeiro evento a ser executado já com os recursos repassados no fim do ano passado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Cultura da Paraíba (Secult-PB).

Realizado pelo grupo Cavalo Marinho Infantil Sementes do Mestre João do Boi, a festa é realizada anualmente, mas desta vez contou com um aporte maior de recursos que possibilitou uma estrutura mais organizada e inclusive com o pagamento de cachês para os artistas.

“A Lei Paulo Gustavo chegou para dar dignidade às trabalhadoras e aos trabalhadores da cultura. Permitiu que conseguíssemos fazer o que sempre quisemos”, comemora Jocilene Cunha, organizadora da festa.

Ela explica que a Festa de Reis foi realizada em 2023 de forma muito improvisada, com os grupos artísticos se apresentando de forma gratuita e espontânea, por amor à festa e às tradições populares. Mas que a aprovação do projeto e o repasse de R$ 50 mil em recursos permitiu uma modificação de perspectiva para 2024.

Por exemplo, todo o equipamento de som e toda a estrutura de palco foram alugados, os grupos artístico-culturais convidados de outros bairros tiveram o transporte custeado, as pessoas que trabalharam no evento foram devidamente remuneradas e tiveram também direito a lanches gratuitamente.

“Com esse recurso, nós estamos ajudando os grupos, dando reconhecimento a eles, dando visibilidade e permitindo que eles trabalhem de uma forma mais profissional. Estamos ao mesmo tempo movimentando e levando mais felicidade à comunidade do Bairro dos Novais”, destacou.

O projeto selecionado prevê a realização de três eventos, de forma que a Festa de Reis foi apenas o primeiro deles. Um segundo, previsto para o final de fevereiro, vai ser realizado em homenagem a João do Boi, pioneiro no bairro nesse tipo de festas populares e que dá nome ao grupo organizador. O terceiro evento ainda não tem data confirmada, mas acontecerá também em 2024.

A propósito, a realização da festa ainda nos primeiros dias de janeiro só reforça a importância dos recursos terem sido liberados ainda em 2023, um esforço defendido desde o início dos trabalhos pelo secretário de Estado da Cultura da Paraíba, Pedro Santos. Presente à festa, ele destacava justamente a necessidade de o dinheiro estar a disposição da classe artística desde o início do ano.

“É extremamente gratificante ver os projetos começarem a sair do papel, serem executados, movimentar o setor cultural a partir dos recursos repassados pela Secult-PB por meio da Lei Paulo Gustavo. Todo o esforço de oito meses de trabalho árduo valeu a pena”, comentou, reforçando que a Paraíba foi o primeiro estado do Brasil a realizar o repasse dos recursos aos projetos selecionados.

Outras iniciativas - A Festa de Reis do Bairro dos Novais foi a primeira a ser executada com recursos da Lei Paulo Gustavo, mas não é a única a começar a mobilizar as trabalhadoras e os trabalhadores da cultura do estado. Por exemplo, o diretor estreante William Bezerra já começou a selecionar o elenco para o seu curta-metragem de estreia.

Trata-se do filme “Rio Vermelho”, uma ficção que vai ser ambientada na Paraíba da década de 1970 e vai contar a história de dois jovens de famílias aristocráticas, ricas, poderosas e conservadoras do interior paraibano que passam a ser ameaçados e perseguidos pelos próprios pais que não aceitam o relacionamento homoafetivo entre ambos.

“A Lei Paulo Gustavo surge para fomentar o sonho de diretores estreantes como eu, que sempre sonharam em dirigir seu próprio filme, mas que não tinham recursos para tanto”, comemorou. “Produzir um filme é algo muito caro e justo por isso muito difícil. Mas esses editais estão estimulando os desejos artísticos de novos diretores”, completou.

Ele destaca também que o Rio Paraíba vai funcionar como uma espécie de ator coadjuvante do filme, como cenário preferencial do curta, privilegiando assim as paisagens locais. Já com relação ao elenco propriamente dito, o processo de inscrição está aberto e duas audições serão realizadas na Universidade Federal da Paraíba, nos dias 16 e 31 de janeiro.

Os recursos da Lei Paulo Gustavo, ainda de acordo com o diretor, permitiu também que uma trilha sonora original começasse a ser gestada para o filme. “Haverá uma canção original que já começou a ser produzida. Isso tudo graças aos recursos que recebemos via Lei Paulo Gustavo”, destacou William, frisando em seguida que “Rio Vermelho” vai começar a ser rodado em maio.

Cinema em Juripiranga - Também promovido a partir de recursos estaduais da Lei Paulo Gustavo, está o Cine Paraíso - Festival de Cinema de Juripiranga, cujas inscrições de curtas-metragens começaram em 6 de janeiro e vão até o dia 21 deste mês. Organizador do evento, João Paulo Paiva explica que o festival teve sua primeira edição em 2016 e aconteceu de forma contínua até 2022. Em 2023, ele foi cancelado por falta de recursos. E a retomada em 2024 acontece justamente por causa da Lei Paulo Gustavo.

Ele comemora a realização do evento e destaca o papel que leis de fomento como essa possuem para a população local:

“Juripiranga não tem cinema. Então esse festival é a única oportunidade que muitas pessoas da cidade têm para assistir a um filme numa sala de projeção”, explica. “A Lei Paulo Gustavo, ao aprovar recursos para o Cine Paraíso, traz a comunidade de Juripiranga para dentro do universo do cinema”.

João Paulo destaca que apenas nos primeiros dias de inscrições mais de 400 filmes já foram inscritos, mas um trabalho de curadoria deve selecionar 30 para exibição pública e gratuita durante o festival, que vai acontecer no clube municipal da cidade entre 14 e 16 de março deste ano. Para além disso, haverá entre quatro e cinco oficinas de formação, que servem como um convite para que a população se integre mais e conheça melhor a linguagem cinematográfica.

Com o objetivo de que o festival se torne “mais uma janela para o cinema da Paraíba”, o idealizador do festival comenta ainda que a Lei Paulo Gustavo possibilita a circulação de filmes que não costumam chegar ao circuito comercial e às grandes salas de cinema. E que esse é um papel de fomento fundamental que o poder público proporciona.

“Em cada sessão, cerca de 200 pessoas assistem aos filmes. Então é um evento não só para os cineastas, mas para toda a comunidade de Juripiranga”, finaliza.