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Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior aparece em ranking dos pesquisadores de maior repercussão no mundo
O professor Claudio Furtado, secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, é um dos pesquisadores paraibanos com melhor colocação na lista do World Scientist and University Rankings (Ranking Mundial de Cientistas e Universidades) deste ano, publicada este mês pela AD Scientific Index (Índice Científico Alper-Doger). A instituição calcula a produtividade total desses pesquisadores nos últimos seis anos, entre outras métricas, e a partir dessas pontuações e do número de citações no Google Acadêmico é calculado as posições que os pesquisadores ocupam.
O ranking analisou estudos acadêmicos de 219 países, 21.624 universidades e instituições, e 1.345.715 cientistas. Destes, Furtado ficou entre os 10% melhores posicionados, junto com outros 16 colegas da Universidade Federal da Paraíba (UFPB); seis pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), um da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e outro do Centro Universitário Unipê, que também alcançaram esta posição.
Paraibano nascido na cidade de Sousa, Claudio Furtado é pesquisador da área de Física teórica, com doutorado concluído em 1999 e trabalhos publicados em revistas internacionais. Ele já havia aparecido na lista do AD Scientific Index em 2021. Na avaliação empreendida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), é pesquisador 1A, maior classificação de um índice que calcula repercussão de trabalhos, orientações e também experiência em gestão.
Nesta entrevista, o professor fala sobre a importância deste reconhecimento e de sua história com a pesquisa. A lista completa do AD Scientific Index 2023 pode ser acessada no site (https://www.adscientificindex.com/). Nela, o leitor pode conferir os 258 pesquisadores da UFPB que integram o ranking em sua totalidade, assim como 122 da UFCG, 52 da UEPB, 44 do IFPB e 19 do Unipê.
A ENTREVISTA
Qual a importância da lista do Ad Scientific Index?
Um trabalho acadêmico tem várias medidas da sua repercussão. Uma é a citação. O que a Ad Scientific Index mede é a repercussão do trabalho de um determinado autor. Mas você tem várias outras medidas. Como o fator H, uma medida que o pesquisador Jorge Hirsch criou.
O número de pesquisadores da UFPB bem colocados na lista deste ano é significativo.
Isso mostra qualidade, e esses pesquisadores estão distribuídos em diversas áreas (veja o quadro nesta página). Isso é muito importante para mostrar a inserção internacional dos trabalhos que são feitos aqui na UFPB. A pesquisa científica é medida pelo parâmetro de impacto que ela tem e pela repercussão. Isso mostra que os profissionais que estão sendo formados pela nossa pós-graduação têm uma qualidade muito boa.
Como é sua história com a pesquisa? Como a física teórica entrou na sua vida?
É uma história antiga! Quando eu estava fazendo ainda o ginásio, que hoje é Fundamental II, pensava em estudar engenharia nuclear. Era um momento em que o Brasil estava entrando em um projeto de construção de energia nuclear, nos anos 1980. Ao terminar o ginásio, vou fazer o Ensino Médio em Pernambuco, e lá visitei o Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e um professor me orientou que aquele departamento não era de engenharia nuclear, era a de Física Nuclear. Nesse momento, resolvi mudar para Física Teórica. Fiz o vestibular e entrei em Física na UFPE e comecei a me interessar por formação do universo, cosmologia, relatividade geral. Depois, passei a trabalhar com imperfeições de materiais, com os chamados defeitos topológicos. Isso aí praticamente foi o trabalho da minha carreira até hoje que é ver a influência da geometria e da topologia em propriedades físicas. Nessa época achava-se que, na formação do universo, vários defeitos dessa mesma natureza foram muito importantes para a formação de estruturas, de galáxias. E eu usava uma ferramenta que pode ser utilizada tanto para esse tipo de teoria quanto para algo mais palpável.
A física teórica é um assunto muito abstrato para quem não é da área. Esse é um assunto que é para ser adequado ao ambiente acadêmico mesmo ou tem algum jeito de popularizar esse tema, de “traduzir” para quem não estuda?
A ciência, por mais difícil que seja, tem que se restringir ao ambiente acadêmico para aquele que vai fazer o desenvolvimento. Aí é que precisa de um especialista. Aqui, tem que usar a “Navalha de Ockham”: se você precisa de muita coisa para explicar uma determinada realidade é porque a teoria não é boa. Então ela tem que ser simples e fácil de poder explicar a uma pessoa que ainda não entende sobre o assunto. E isso é um problema que temos no Brasil do ponto de vista da divulgação científica. Se você tem uma sociedade que entende bem a questão, ela consegue defender a ciência nos momentos em que ela precisa da defesa da sociedade. Durante a pandemia tivemos esses questionamentos, como por exemplo, o terraplanismo...
Quais ações o senhor acha que são efetivas para a popularização da ciência?
Em qualquer lugar onde a sociedade conhece melhor a ciência é porque investiu na base, na popularização da ciência desde as crianças. É importante que a criança tenha desde cedo contato com a ciência para que se desperte nela esse interesse, pois é também a maneira de atrair pessoas que darão continuidade às pesquisas científicas.
O senhor acha que essa posição no ranking de alguma maneira ajuda no seu trabalho à frente da secretaria?
Sim, acho que é importante porque para trabalhar com ciência e tecnologia em qualquer função de gestão é importante ter experiência na área. Isso gera respeito por parte da comunidade científica, porque os pesquisadores sabem que é um deles que está exercendo o cargo.
O que o senhor diria aos jovens cientistas?
Muitas vezes, quando você vai escolher uma determinada profissão, as pessoas ficam dizendo que você não vai ter chance de fazer muitas coisas. O que eu consegui na minha carreira como físico, eu jamais conseguiria se eu tivesse feito outra escolha. Ela me deu todas as chances que eu jamais imaginaria como profissional. Isso para o filho de um comerciante de Sousa, lá do bairro da Estação. A educação e a ciência moldaram tudo o que eu tenho na vida e me sinto um profissional extremamente realizado. O conselho é acreditar sempre no sonho.
Pesquisadores da Paraíba melhores colocados na lista
Estes são os profissionais da Paraíba que ficaram entre os primeiros 10% da lista da Ad Scientific Index 2023:
UFPB:
José Maria Barbosa Filho, Farmácia; Valdiney V Gouveia, Psicologia; Antonio Gouveia de Souza, Química; Mario Cesar Ugulino de Araujo, Química; Edeltrudes Lima, Farmacologia; D Bazeia, Física; Reinaldo Almeida, Fisiologia; Claudio Furtado, Física; Maria Miriam Lima da Nóbrega, Enfermagem; Eliton Souto de Medeiros, Nanociência e nanotecnologia; Ieda Maria Garcia dos Santos, Engenharia de materiais e metalúrgica; VB Bezerra, Física; Maria de Fatima Agra, Botânica; Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz, Farmacologia; Fabio Sampaio, Bioquímica; Knut Bakke, Física; Evandro Souza, Microbiologia
UFCG:
Cursino Brandão Jacobina, Engenharia eletrônica e elétrica; Claudianor Alves, Matemática; Antonio Lima, Engenharia eletrônica e elétrica; Antonio Almeida Silva, Engenharia mecânica; Bernardo Barbosa da Silva, Ciências atmosféricas e meteorológicas; edison Roberto Cabral da Silva, Engenharia eletrônica e elétrica
UEPB:
Rômulo Alves, Etnobiologia
Unipê:
Damião Pergentino de Sousa, Farmácia