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Programa Paraíba sem Fronteiras - Pesquisadores da Paraíba se destacam em atividades acadêmicas no exterior

publicado: 09/06/2025 15h47, última modificação: 09/06/2025 15h47
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A competência de pesquisadores da Paraíba no exterior ratifica o empenho do Governo do Estado na execução de programas de intercâmbio. Bolsistas contemplados em editais lançados em 2024 e 2025 do Programa Paraíba sem Fronteiras viveram experiências marcantes que colocam o Brasil e a Paraíba em constante evolução e com potencial para gerar avanços significativos.

O Paraíba sem Fronteiras foi criado pensando na internacionalização científica do ponto de vista de inovação adequado às necessidades locais. Em uma frente, promove a cooperação internacional, a formação qualificada e estratégica no âmbito das instituições de ensino superior, de educação profissional e tecnológica e de centros de pesquisa. Em outra, desenvolve a qualificação das empresas para cultura exportadora.

Atualmente, 81 estudantes já participaram do programa e, neste ano, mais 25 deverão ser contemplados. Graduandos, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos integraram grupos de pesquisa, participaram de eventos, ministraram cursos, compartilharam dados e informações com colegas em 18 países.

O Governo da Paraíba investiu mais de R$ 4,1 milhões nos editais para intercâmbio ao exterior que tiveram início em 2024 e 2025, executados por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties) e pela Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq-PB). Para este ano, o investimento previsto é de mais de R$ 3 milhões.

O secretário da Secties, Claudio Furtado, enfatiza que o Paraíba sem Fronteiras é uma ação fundamental para o desenvolvimento das universidades na Paraíba, de centros de pesquisa e da indústria paraibana. “É um programa diversificado que promove cooperação internacional não só entre estudantes, mas também para empresários. Visa gerar oportunidades desde a graduação até o pós-doutorado; além da qualificação de empresas para cultura exportadora, através do QualiExporta”, ressaltou Claudio Furtado.

Alunos vivem experiências em institutos

O Centro Europeu para Investigação Nuclear, CERN, na sigla em francês, é um dos maiores laboratórios de física de altas energias do mundo, localizado perto de Genebra, na Suíça. Foi lá onde Maria Gabriela Ferreira Siqueira, mestranda em Física na UFCG, sentiu-se “em casa”.

Desde a iniciação científica ela trabalha com dados do experimento CMS, o “Compact Muon Solenoid”, um dos dois grandes detectores de física de partículas de uso geral construídos no CERN. Maria Gabriela passou um período nesse laboratório: “Com o programa Paraíba sem Fronteiras foi a minha chance para estar presencialmente com os colaboradores do projeto no qual colaboro. E também de trabalhar com a parte de hardware, com a parte de detector. Não teria chance de fazer isso no Brasil. Eu participei das reuniões com pessoas especialistas no que eu estou fazendo. Pude participar da CMS Week, uma conferência que reúne uma grande parcela dos membros da colaboração”, relatou Maria Gabriela.

Nesse sentido, Claudio Furtado enfatiza: “A internacionalização é importante porque a partir do momento que você faz com que os pesquisadores interajam em outros laboratórios, eles podem fazer com que seus trabalhos cheguem a um nível ainda maior de competitividade”.

Maria Gabriela é a prova disso. Ela vai terminar o mestrado em junho e já foi selecionada para um doutorado na Universidade de Heidelberg, na Alemanha, em outro experimento do CERN.

Reino Unido e Espanha recebem estudantes paraibanos

Os estudantes em iniciação científica - na graduação - também tiveram oportunidades para uma vivência em instituições internacionais de pesquisa. Um grupo foi para o Reino Unido, na universidade Warwickshire College and University Centre (WCUC) e outro para a Espanha, especificamente no País Basco, na Mondragon Unibertsitatea (MU).

Ana Luiza Ferreira Cavalcante, aluna em Engenharia de Biotecnologia e Bioprocessos no campus da UFCG em Sumé, fez um semestre do curso em Mondragón.

“Lá eu estudei Engenharia de Eco-Tecnologia em Processos Industriais. Eu tive a oportunidade de conhecer a rica cultura do País Basco. Apesar de ser desafiador no início, pois saí de uma cidade do interior da Paraíba e me deparei em um local completamente novo, com cultura, idioma e clima diferentes. Essa experiência foi muito importante tanto para minha vida pessoal, quanto acadêmica e profissional. Além disso, a Universidade de Mondragón permitiu que eu vivenciasse uma metodologia de ensino diferente da que conheço, complementando minha formação iniciada na UFCG”, declarou Ana Luiza.

Troca de conhecimentos melhora o curriculo 

⁠Alinne Marianne Martins Araújo está fazendo o doutorado em Engenharia Ambiental e Sanitária na UEPB. Ela foi para a Itália: “Estive na Universidade de Pisa, onde pude participar de um grupo de pesquisa atuante na área de engenharia nuclear e radioproteção. A troca de conhecimento com pesquisadores estrangeiros, o acesso a equipamentos avançados e a possibilidade de aplicar métodos que não estão disponíveis na minha instituição de origem foram fundamentais para o avanço do meu projeto. Além disso, viver em outro país me permitiu crescer pessoalmente, entender novas culturas e desenvolver mais autonomia”, revelou Alline.

A proposta do estudo de Alinne é compreender como os elementos geológicos influenciam a qualidade da água e propor estratégias de monitoramento e mitigação, especialmente em regiões do semiárido brasileiro. “Como pesquisadora espero dar continuidade às parcerias iniciadas durante o intercâmbio, publicar os resultados obtidos e contribuir com soluções que tenham relevância social e ambiental. Também pretendo compartilhar o conhecimento adquirido com outros estudantes e profissionais, fortalecendo a ciência feita no Brasil”.

Em outra parte do mundo, no México, está o pós-doutorando em Antropologia pela UFPB, Gustavo Belisário D’Araujo Couto. Em San Cristóbal de las Casas, em Chiapas, ele desenvolve a tese “A luta queer pela terra: estudo comparativo entre duas regiões do Brasil e do México”. Deu o curso “Mais além do Antropoceno” abordando temas relacionados como o "Plantationoceno", racismo, em interlocução com a crise climática e ambiental e discussões de gênero, sexualidade, território, entre outros. “Nessa etapa da carreira de pesquisador é muito bom contar com bolsas que mantêm pesquisadores fora do país. Sem elas não conseguimos desenvolver a pesquisa”, avalia Gustavo.