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Podcast é arma para popularização da ciência

publicado: 04/06/2023 00h00, última modificação: 27/06/2023 11h04
Fapesq-PB lança programa que traz conversas com cientistas e terá exibição toda quarta-feira, pelo YouTube
2023.06.04 - A União - Podcast PodCMais - Claudio Furtado e Rangel Jr - foto Ravi Lacerda

Claudio Furtado é o primeiro convidado do podcast apresentado por Rangel Jr / foto: Ravi Lacerda

A Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB) lançou na última quarta-feira (31), o podcast/videocast PodC+, um instrumento de comunicação para trazer a ciência para mais perto das pessoas por meio de entrevistas com cientistas e pesquisadores. O primeiro programa já está disponível no canal do Youtube da fundação, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (PaqTc), e tem como entrevistado o Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties), Claudio Furtado. A conversa está disponível no canal da Fapesq-PB no YouTube (https://www.youtube.com/watch?v=aLjfPa2KBqo).

Furtado é físico, estudou na Universidade Federal de Pernambuco e é professor na UFPB, tem destaque na comunidade científica internacional, exerceu a Presidência da Fapesq-PB por duas gestões até 2018, foi vice-presidente do Conselho de Fundações de Amparo à Pesquisa do Brasil (Confap) e é conselheiro no CGI.br. Em 2019 assumiu a Secretaria de Estado de Educação e da Ciência e Tecnologia da Paraíba e atualmente está à frente da nova pasta estadual, especialmente vocacionada para o desenvolvimento de políticas públicas na área de ciência e tecnologia.

O entrevistado inicia o programa contando sua trajetória educativa e o que o levou a se interessar pela Física, uma disciplina refutada pela maioria dos estudantes de Ensino Médio, e pela pesquisa: “O sonho de meu pai era que eu fosse engenheiro. E eu cursava Física na Universidade Federal de Pernambuco e Engenharia Elétrica na Estadual. Terminei a Física antes e fui aceito para o mestrado. Mas faltava um ano para concluir a Engenharia. Eu teria que abandonar o curso. Decidido a fazer isso, eu tinha que comunicar para meu pai. Cheguei em Sousa sem ser esperado e expliquei as oportunidades que poderia alcançar com meu estudo. Ao final do mestrado, meu pai assistiu a defesa da dissertação em Recife, me parabenizou e voltou para Sousa. Depois me contaram que nas rodas de conversa, pelo mercado, ele dizia orgulhoso para os amigos que o filho ‘estava estudando para ser cientista’. Em uma palavra ele matou a charada!”.

Rangel Júnior argumenta que este é um dos propósitos do videocast: “Nós queremos mostrar que os pesquisadores e as pesquisadoras são pessoas comuns, são pais e mães de família, educadores, educadoras, são pessoas que trabalham como qualquer outra, mas têm uma profissão diferente. E nessa profissão têm como objetivo servir à nação, servir à humanidade por intermédio da descoberta científica, da invenção, daquilo que pode se considerar uma interpretação da realidade na busca de melhorar as condições de vida do povo”.

A próxima cientista na bancada será Francilene Procópio Garcia, cientista da computação, professora e pesquisadora na Universidade Federal de Campina Grande, e coordenadora do Parque Tecnológico Horizontes da Inovação. Ela foi secretária executiva de Ciência, Tecnologia e Inovação junto ao Governo do Estado da Paraíba entre 2011 e 2018 e cumpriu mandatos como presidente, conselheira, diretora de diversas instituições relacionadas à CT&I. A exibição será nesta quarta-feira, dia 7, às 19h, pelos mesmos canais do Youtube.

 

Popularizar a ciência para combater o negacionismo

 

A meta do Pod C+ é abrir um caminho novo na Paraíba para a popularização científica. Esta é uma tendência mundial, despertada com maior intensidade nos anos da pandemia da covid-19, entre 2020 e 2021. Proporcionar para a população informações científicas fidedignas foi essencial nesse período para combater o negacionismo em grande parte do mundo e no Brasil. Na visão de Rangel Jr., a ciência foi posta em xeque com base na ignorância, no obscurantismo, confrontando as interpretações e verdades científicas com opiniões dogmáticas e pensamento acrítico.

Ainda nos dias de hoje, grupos de pessoas seguem atuando para disseminar ideologias que contrapõem afirmações científicas baseadas em longos estudos e autenticadas pelos pares na academia. Portanto, canais de informação sobre ciência que contribuam para construir uma identidade com o público em geral são vitais na sociedade. O videocast Pod C+ cumpre esse papel.

Durante a entrevista, Claudio Furtado chama a atenção para a história da humanidade e questionamentos que foram feitos na época da Idade Média, como a ideia de que a Terra fosse plana. “Mas isso faz parte da história”, argumentou o físico. “Antes de Cristo, em Alexandria, Aristóteles já havia medido o raio da Terra; e se ele considerou o raio, é porque, não, a Terra não é plana. Mas agora, na pós-pandemia, como vivemos em uma sociedade líquida, as pessoas acham que estão muito próximas do conhecimento por ter acesso a buscadores de informação na internet. Acham que têm conhecimento, mas não têm”. E Rangel Jr. complementou: “Porque há uma diferença entre informação e conhecimento”. Este último é obtido por meio da aprendizagem e experiência.

Furtado segue o raciocínio dizendo que hoje há uma parcela da sociedade que deveria combater essa desinformação e deveria ser mais bem informada: a classe média. E ela passou por uma fase de negação de vacinas, questionando a ciência. “E a ciência deu resposta. Tivemos sucesso no Brasil com campanhas de vacinação contra a poliomielite e outras doenças, mas há pessoas que morreram por acreditarem em uma conversa que não tem base nenhuma.”

Para Furtado, uma ferramenta como um podcast ou videocast é importante para essa popularização da ciência. Mesmo havendo uma negação, há uma parcela da sociedade que faz o contraponto. “E isso só pode ser feito se investir em ciência,. Quando a criança passa a ter contato desde pequena, isso pode mudar o rumo de uma nação”.

Em vista disso, Furtado afirma que é crucial criar políticas de divulgação científica e que se possa usar todas as ferramentas. “Com o uso das redes sociais e de novas mídias, como o podcast, é importante ter a ciência como uma das opções para os jovens. Que se trate de temas de pesquisa que muitas vezes são colocados no mundo acadêmico de forma fechada. É preciso incentivar os jovens para que optem seguir a área da ciência e o Pod C+ é um caminho para trazer o assunto para os jovens, para que eles tenham no menu a opção de ouvir sobre ciência”.

Além do podcast produzido pela Fapesq, a Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior também está preparando um podcast visando o público jovem, trazendo cientistas para dialogar sobre fatos do cotidiano ou eventos, como o eclipse lunar que será observado na Paraíba este ano.

Os novos episódios do Pod C+ serão exibidos a cada quarta-feira, às 19h, no canal do Youtube da Fapesq (https://www.youtube.com/@FapesqPB), da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e da Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (PaqTc).

 

Texto: Márcia Dementshuk