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Pesquisa busca aumentar a produtividade do maracujá-amarelo no Semiárido

publicado: 21/01/2024 00h00, última modificação: 22/01/2024 09h56
Governo do Estado apoia estudo da UFPB realizado em São Sebastião do Umbuzeiro sobre o plantio irrigado da fruta
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Pesquisa, orçada em R$ 45 mil, é realizada no pomar instalado no Sítio Angico, no município de São Sebastião do Umbuzeiro, no Cariri paraibano
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Pesquisa, orçada em R$ 45 mil, é realizada no pomar instalado no Sítio Angico, no município de São Sebastião do Umbuzeiro, no Cariri paraibano
Plantio do maracujá
Plantio do maracujá - 02

Apesar de existir mais de 150 espécies de maracujás no Brasil, o maracujá-amarelo é um dos mais apreciados e procurados. Cítrico, redondo, azedinho, com sementes pretas pequenas e casca amarelo-claro, o maracujá-amarelo é uma das frutas mais desejadas na mesa do brasileiro. Apesar de existir mais de 150 espécies de maracujás no Brasil, esse continua sendo um dos mais apreciados e procurados. Ele possui uma polpa aromática e nutritiva, usada principalmente em sucos, geleias e sobremesas. Um estudo desenvolvido por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGA) do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) busca aumentar a produtividade e proporcionar a sustentabilidade da cultura do maracujazeiro-amarelo.

O projeto conta com apoio do Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties), executado através do edital do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Regional (PDCTR) da Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq).

O estudo é realizado através da enxertia em espécies silvestres de passiflora (o gênero botânico da flor do maracujá), mais tolerantes à salinidade da água de irrigação, contribuindo para manutenção da passicultura no semiárido paraibano. A pesquisa é realizada no pomar instalado no Sítio Angico, no município de São Sebastião do Umbuzeiro, no Cariri, propriedade de Sebastião Ferreira de Amorim e Maria Alexandrina Ferreira.

De acordo com o coordenador do projeto, Francisco Thiago Coelho Bezerra, a pesquisa está orçada em aproximadamente R$ 45 mil (sendo R$ 20 mil oriundos via Fapesq-PB), para aquisição/obtenção de ferramentas, equipamentos, insumos e análises. A prefeitura do município, através das secretarias de Infraestrutura e de Agricultura, também contribui fornecendo maquinários para limpeza e preparo da área em que foi instalado o pomar, e na construção de um reservatório de água (onde ela fica armazenada e é posteriormente utilizada para a irrigação do pomar) e no transporte de insumos (adubos).

Conforme explica Francisco Thiago, as áreas semiáridas de importância agrícola, que são tradicionalmente produtoras de maracujazeiro-amarelo (cujo nome científico é Passiflora edulis Sims.), têm chuvas irregulares, alta temperatura e baixa umidade relativa do ar. Esse contexto promove elevadas taxas de evaporação e reduz a disponibilidade de água do solo para as plantas. O que também evidencia a dependência da irrigação em, no mínimo, metade do ano para o cultivo. Associado a estes fatores, o elevado teor de sais da água e do solo acima dos limites tolerados, principalmente nas fases de produção, constituem os fatores abióticos mais limitantes à passicultura no estado da Paraíba. “Essa adversidade compromete a sustentabilidade da cultura do maracujazeiro-azedo de casca amarela que é o mais cultivado em todas as regiões brasileiras”, enfatizou.

 

Distúrbios na salinidade são problema

 

Segundo o pesquisador, os distúrbios severos da salinidade no metabolismo celular inibem o crescimento e promovem desequilíbrios fisiológicos e nutricionais que culminam na perda de produtividade e na qualidade de frutos. Os tratamentos foram organizados a partir da utilização de três materiais cultivados de Passiflora edulis enxertados em três espécies. Esses tratamentos estão submetidos à irrigação com água de boa qualidade e de qualidade restritiva.

Nas épocas da plena floração, primeiro e segundo ano de cultivo, amostras compostas serão coletadas para determinações dos atributos químicos (fertilidade e salinidade). Também serão avaliados parâmetros fisiológicos (clorofila, fluorescência da clorofila e trocas gasosas) e nutricionais (macro, micronutrientes e sódio) nas folhas das plantas.

Além disso, as colheitas serão realizadas semanalmente, utilizando os dados das colheitas para calcular índices de produção. Já a qualidade física dos frutos e físico-química da polpa serão analisadas em plena produção do primeiro e segundo ano de cultivo. Por fim, os dados serão submetidos às análises de normalidade e variâncias.

O pesquisador reforça a importância da pesquisa. Segundo ele, a vantagem para o produtor é reduzir as tensões pelos problemas de perdas de rendimento em função da salinidade e de longevidade da passicultura, o potencial de gerar alternativa sustentável na manutenção da viabilidade econômica da atividade, além de capacitar profissionais para a demanda.

Para a comunidade científica, esse projeto traz à luz informações de interações entre plantas enxertadas – nativas e cultivadas – e seu desempenho fisiológico, nutricional, produtivo. Além de aspetos de qualidade dos frutos, quando submetidos ao estresse salino proporcionado pela salinidade da água de irrigação, segundo enfatizou Francisco Thiago. “O conhecimento a ser gerado a partir da proposta de pesquisa certamente apoiará e aprofundará a formação técnica e científica não apenas do grupo da pesquisa, como também poderá proporcionar desdobramentos e novos conhecimentos para futuros projetos”, afirma. 

 

Saiba curiosidades sobre o Maracujá-amarelo  

 

Originário da América tropical, o maracujá tem seu nome de origem tupi (que significa “alimento em forma de cuia”) e sua colheita geralmente é realizada de seis a nove meses após o plantio. Possui mais de 150 espécies no Brasil, entre elas o maracujá-amarelo, o maracujá-roxo e o maracujá-doce como variações mais populares. Nem todas são comestíveis. Atualmente, elas também são cultivadas em outros países de clima tropical, como a Venezuela, África do Sul, Havaí e Austrália.

O maracujazeiro, planta de grande porte que cresce rapidamente e pode atingir até 10 metros de comprimento, ainda produz folhas pontiagudas e lisas e flores exuberantes conhecidas como flores-da-paixão. Além de saboroso, o maracujá-amarelo também é rico em antioxidantes, fibras, vitamina A e minerais como ferro, magnésio e cálcio.

Do maracujá, se aproveita todo o fruto: a polpa (em sucos, geleias e sobremesas), a casca desidratada, caramelizada e em compotas e doces. Para relaxar, acalmar a mente e desfrutar de um momento de tranquilidade, nada melhor do que um refrescante suco de maracujá bem geladinho.

O efeito calmante da fruta tropical é cientificamente comprovado e pode ser aproveitado para fins culinários, cosméticos e medicinais. Ajuda a controlar os níveis de colesterol e glicose e regula a pressão sanguínea. Com antioxidantes como a vitamina C, flavonoides e betacaroteno, a polpa e a casca do maracujá protegem as células que produzem insulina e ajudam o organismo a absorver os carboidratos lentamente.

Na hora de escolher o fruto, é preciso levar em consideração duas coisas. Caso consuma imediatamente, é preferível aquele com a casca “enrugada”. Essa aparência indica que o maracujá está maduro e tem mais polpa. Mas caso pretenda consumi-lo posteriormente, o ideal é escolher os maracujás de casca lisa, firme e brilhante – esse aspecto significa que os frutos estão no início da fase de maturação.

 

Texto: Helda Suene