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Governo do Estado leva maratona de criação de jogos para aldeia potiguara em Baía da Traição

publicado: 14/12/2023 00h00, última modificação: 14/12/2023 13h56
A Monhang Game Jam começou na quarta reunindo 30 jovens para desenvolver games durante o Acampamento Inclusivo
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Abertura da Monhang Game Jam, em Baía da Traição/ foto: Mateus de Medeiros
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Abertura da Monhang Game Jam, em Baía da Traição/ foto: Mateus de Medeiros
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Waldomiro Neto, indígena potiguara e estudante do projeto Limite do Visível, participa da game jam/ foto: Mateus de Medeiros
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Abertura do Acampamento Inclusivo, em Baía da Traição/ foto: Mateus de Medeiros
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Abertura do Acampamento Inclusivo, em Baía da Traição/ foto: Mateus de Medeiros
13.12.2023 - Game JAM Monhang Dia 1 - Mateus de Medeiros-13
13.12.2023 - Game JAM Monhang Dia 1 - Mateus de Medeiros-10
13.12.2023 - Game JAM Monhang Dia 1 - Mateus de Medeiros-16
13.12.2023 - Game JAM Monhang Dia 1 - Mateus de Medeiros-16
13.12.2023 - Game JAM Monhang Dia 1 - Mateus de Medeiros-42

A Aldeia do Tambá, em Baía da Traição, está sendo o palco do encontro entre a cultura tradicional do povo potiguara e a tecnologia. Dentro do evento Acampamento Inclusivo, começou na quarta, dia 13, a Monhang Game Jam, uma maratona de criação de jogos promovida pelo Governo do Estado através da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior. São 30 jovens presencialmente e mais 25 em modo remoto trabalhando em regime de imersão para criar games a partir do tema “Como projetar a cultura indígena para fora”.

“As pessoas que estão virtualmente podem varar a noite, se quiserem. O importante é que entregarem em um bom resultado na sexta-feira. E as pessoas que estão participando presencialmente, especialmente as que vão dormir aqui no acampamento, também tem a possibilidade de passar a noite trabalhando, de acordo com seu pique”, explica assessora técnica de inovação da Secties, Luiza Iolanda Cortez. “A gente deixou isso bem livre para que os participantes pudessem escolher”.

Os participantes, com diferentes idades, procedências e repertórios, foram divididos em equipes, equilibrando as habilidades descritas no ato da inscrição. “Boa parte nunca participou de nenhuma game jam, é a primeira vez que estão participando dessa experiência, mas relataram que gostava muito de jogos. Então a gente quer proporcionar para esse público uma outra forma de perceber os jogos que é justamente participar da criação de um”, diz ela.

Em vez de ser competitiva, essa segunda game jam promovida pelo Governo do Estado tem um viés mais colaborativo. Participantes de uma equipe podem ajudar no trabalho de outra e ser creditado por isso nos jogos. Entre os inscritos, uma participação majoritariamente feminina, um dos dados do alto interesse na maratona.

“O interesse em participar foi muito alto, foi além das expectativas da gente. Houve um engajamento muito bom de crianças, adolescentes, famílias, professores, estudantes, pessoas que já têm o ensino superior completo”, celebra Iolanda Cortez. “Um interesse que demonstra que existe público para isso em terras tradicionais. Então quando a gente está falando em terras tradicionais, está falando em tecnologia, está falando em acesso. E proporcionar isso é trazer esse acesso também”.

Um dos estudantes que participam da game jam é Waldomiro Neto, de 22 anos, de Rio Tinto. Estudante de Ciência de Dados no Projeto Limite do Visível, parceria da Secties com a UEPB, ele é um indígena potiguara em contexto urbano (ou seja: não vive na aldeia). Ele se inscreveu como designer para participar da maratona de criação de jogos.

“Eu acho interessantíssimo esse evento. Somos um povo bastante esquecido com relação a tudo, pouco se fala sobre inclusão indígena no Brasil”, afirma. “Então é importante um evento como esse ocorrer dentro de uma aldeia e ter o foco nesse público pelo fato de que nós existimos, resistimos e estamos aqui. A ideia de indígena no Brasil é de alguém isolado da sociedade atual. O que não é a realidade. Tanto que está acontecendo isso aqui com uma grande participação de jovens indígenas”.

 

Acampamento inclusivo – A Monhang Game Jam acontece dentro do evento Acampamento Inclusivo, que tem como objetivo ser um espaço de diálogo e intercâmbio, reunindo uma diversidade de participantes, desde especialistas em tecnologia até representantes de povos indígenas. É uma colaboração entre a Associação Nacional para Inclusão Digital (Anid); o Governo da Paraíba; a Secretaria de Educação da Baía da Traição, e apoio da Prefeitura Municipal da Baía da Traição e do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br)

“O objetivo é discutir os temas que estão em alta, como plataformas, inteligência artificial, tecnologia de informação, mas a partir do ponto de vista das comunidades”, explica o presidente da Anid, Percival Henriques. “E a ideia é fazer vários momentos como esse , em vários territórios indígenas, quilombolas, ciganos, ribeirinhos, com marisqueiras, pescadores, com o pessoal dos movimentos agrários”.

“Para nós, povos originários, é de grande valia um evento como esse, que traz o conhecimento da tecnologia junto a outros conhecimentos nos debates”, afirma o cacique Clóvis Santana dos Santos, da Aldeia Alto do Tambá.

O Acampamento Inclusivo e a Monhang Game Jam terminam nesta sexta-feira.

 

Texto: Renato Félix