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Governo do Estado assina termos de outorga dos empreendimentos selecionados na Expo Favela Paraíba
A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties), a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB), a Junta Comercial do Estado da Paraíba (Juncep) e a Central Única das Favelas (Cufa) assinaram neste sábado (25), os termos de outorga dos 10 projetos selecionados na Expo Favela Innovation Paraíba. Os empreendimentos vão representar a Paraíba na edição nacional do evento, de 1 a 3 de dezembro e cada um recebe o incentivo de R$ 40 mil do Governo do Estado.
Os projetos selecionados no evento que aconteceu em setembro são: Sereias da Penha; My Moon; Ateliê Multicultural Elioenai Gomes; Gari Ecológico; Corp.Ori; Arte Tabajara; Um Moi; Orixás da Lu; Doces Tambaba; e Garças do Sanhauá.
Estiveram presentes na cerimônia, além dos empreendedores contemplados, o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, Cláudio Furtado, representando o governador João Azevêdo, a secretária executiva de Inovação, Elis Regina Barreiro, o secretário executivo de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Rubens Freire, a assessora técnica da Fapesq-PB, Suellen Finizola, o vice-presidente da Junta Comercial da Paraíba, Guilherme Marconi Coutinho de Souza, a presidente nacional da Central Única das Favelas, Kallyne Lima, e o secretário de Ciência e Tecnologia de João Pessoa, Guido Lemos.
"Esse é um setor da economia que vive esquecido dos editais e dos apoios. Foi com grande visão que nosso governador João Azevedo anunciou esse apoio na Expo Favela", afirma o secretário Claudio Furtado. "A Paraíba é o primeiro estado a fazer uma ação efetiva nessa direção. E a ideia é que cada vez mais a gente possa apoiar esse empreendimentos. Com assessoria, com mentoria, para que eles cheguem mais à frente. A partir do momento dessa formalização, eles passam a trabalhar juntamente com o Programa Parque Tecnológico Horizontes de Inovação".
"A iniciativa do Governo da Paraíba é inovadora em todo o Brasil, inclusive norteadora para que outros estados possam enxergar esse espaço como um espaço de fomento, de investimento, até para que a gente possa proporcionar qualidade de vida para os negócios, para os empreendedores e para todo o ecossistema que o cerca", diz Kalyne Lima. "Dificilmente o empreendedor de favela está trabalhando só pra si, é sempre algo colaborativo, participativo, que envolve a comunidade, envolve os familiares. Então é importante esse tipo de fomento".
Para ela, muita coisa muda para esses empreendedores em 2024. "Mas não apenas porque participou do evento ou somente pelo aporte. Muda porque existe toda uma conjuntura envolvida que tem a participação do Governo do Estado efetivamente, através da Secretaria de Ciéncia, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, e vários outros parceiros que vão acelerar esses negócios, promover trilhas formativas para garantir a saúde financeira e estrutural desses negócios. Para que a gente possa estar contemplando cada vez mais empreendedores, empreendedoras e promovendo justiça social nesse país. Porque não falta inovação, não falta criatividade, não falta tecnologia. O que falta é oportunidade e é isso que a gente está conseguindo conquistar aqui".
"Já faz bastante tempo que a gente vem com essas ações, porém é a primeira vez que se incentiva empreendimentos vindos de favelas e de regiões periféricas. Então, para nós, é muito importante porque essa é uma ideia nova que vai gerar oportunidade e inclusão social", conta a secretária executiva Elis Barreiro. "Entre essas pessoas, esses 10 ganhadores que estão aqui, temos quilombolas, indígenas, ribeirinhos... Quer dizer, nós temos uma camada da sociedade que às vezes não teve oportunidade. E aí a partir da falta de oportunidade eles se reinventaram, com a inteligência, com o empreendedorismo que é natural deles e tem negócios belíssimos".
"A iniciativa do Governo é extremamente importante porque está dando visibilidade a um ambiente tornado invisível por razões históricas em razões do próprio ambiente onde nós vivemos: o modo de produção", complementa o secretário executivo Rubens Freire.
Adin Adinkra foi um dos contemplados, com o projeto Corp.Ori, voltado para a representatividade negra na área da saúde e que começou em 2022. "É um projeto que nasce na necessidade de abrir espaços e dar suporte para os profissionais negros na área da saúde", explica. "Os profissionais que são vinculados trabalham nas mais diversas áreas da saúde: tem médicos, fisioterapeutas, massoterapeutas, entre outras especialidades, e pessoas que estão buscando profissionais nessas áreas específicas. Mas agora eles vão ser atendidos já entendendo esse recorte racial, fortalecendo empreendedores negros e profissionais de extrema competência que muitas vezes estavam até numa condição de sucateamento profissional ou até mesmo em desalento profissional porque não estavam conseguindo vagas no espaço do mercado de trabalho".
Já Maria das Neves Silva criou a Doces Tambaba há dez anos. "O meu projeto nasceu de uma necessidade, em um lugar em que a gente passava muita fome: no assentamento Tambaba, no Conde", conta a empreendedora. "Então eu tinha um sonho de ter uma fábrica de doce, um empreendimento para mudar a minha vida e a realidade da minha família. E eu comecei essa história debaixo de um cajueiro, com 50 reais emprestados e dois tipos de doce. Hoje eu faço 50, 60 kg de doce cada caixa. Então desse sonho dessas duas mulheres negras e analfabetas, hoje a gente conseguiu construir o primeiro shopping rural do Brasil, hoje sou uma mulher premiada na Paraíba, e sou um case de sucesso do Sebrae".
Maria das Neves representa bem o que empreendimentos como esse podem significar para uma comunidade. O shopping rural que criou recebe cerca de 500 turistas por dia. Seus doces são feitos de frutas que vem de comunidades vivinhas. As 33 variedades que vende hoje levam junto um pouco das pessoas que moram e produzem em Tambaba, Pitimbu ou Sapé. E que estarão, por tabela, representadas na Expo Favela Nacional, em São Paulo.
Projetos:
SEREIAS DA PENHA - É um empreendimento que se preocupa com o desenvolvimento sustentável e consciente, por meio do reaproveitamento de todas as partes dos animais marinhos, que antes eram descartados, como as escamas, as espinhas e até mesmo as barbatanas. Com tais materiais, as Sereias da Penha agregam valor econômico, com a confecção de peças decorativas, joias, objetos de arte e muito mais.
GARÇAS DO SANHAUÁ - O objetivo é promover o desenvolvimento comunitário e a conscientização ambiental por meio do turismo ecológico no Território Ribeirinho do Porto do Capim, em João Pessoa, Paraíba. O projeto é uma iniciativa importante que contribui para o desenvolvimento sustentável da região, oferecendo uma experiência única de turismo ecológico que permite aos visitantes conhecerem a história e a cultura do Porto do Capim, bem como a importância da conservação ambiental.
ARTE TABAJARA - O objetivo é promover a preservação e o enriquecimento da rica herança indígena, por meio da produção e comercialização de arte em cerâmica, contribuindo para o desenvolvimento econômico e cultural da comunidade tabajara.
ATELIÊ MULTICULTURAL ELIOENAI GOMES - A concessão de um ambiente que promove a troca de conhecimentos, experiências e a criação artística não apenas fortalece a comunidade, mas também representa um passo significativo na promoção da diversidade e na redução do isolamento das minorias étnicas. Assim, o Ateliê Multicultural Elioenai Gomes não apenas visa construir pontes entre diferentes culturas, mas também solidificar um espaço onde os direitos, a expressão e o respeito mútuo florescem, contribuindo para a vitalidade sociocultural do Varadouro.
CORP.ORI - É um projeto que visa promover espaços e dar suporte para os profissionais negros na área da saúde, reduzindo barreiras e precarizações, criando oportunidades de trabalho, estimulando a economia local e regional. Além disso, o projeto também valorizar a inclusão e a acessibilidade cultural na área da saúde, combatendo o racismo institucional e contribuindo para uma sociedade mais igualitária e saudável, tendo como meta principal, assegurar investimento governamental e apoio contínuo para fortalecer a democracia e o bem-estar social.
DOCES TAMBABA - O projeto visa impulsionar a economia regional, criando empregos, estimulando o turismo e contribuindo para o desenvolvimento sustentável, consolidando-se como um modelo de inovação social e cultural na Paraíba. A integração das mulheres da comunidade na produção de doces não apenas fortalece os laços culturais, mas também preserva tradições culinárias locais, perpetuando-as para as gerações futuras. Ao valorizar o artesanato e métodos tradicionais, o projeto também enriquece a cultural da Paraíba.
GARI ECOLÓGICO - O projeto tem o objetivo de incentivar o desenvolvimento ecológico e sustentável local, proporcionando oportunidades de aprendizado e geração de renda para moradores de comunidades em situação de vulnerabilidade econômica, além de ampliar a produção de produtos recicláveis e a confecção de máquinas para reutilização de garrafas pet, promovendo não apenas a eficiência operacional, mas também a inovação tecnológica na comunidade. O objetivo central é impactar a economia local, criar empregos e capacitar indivíduos na confecção de produtos sustentáveis, destacando-se como um exemplo inspirador de iniciativa socioambiental positiva.
ORIXÁS DA LÚ - O projeto visa ser um canal de expressão cultural e espiritual, disseminando conhecimento sobre os Orixás, enquanto atua como catalisador para empoderar mulheres em situação de vulnerabilidade econômica e social, oferecendo oportunidades para o desenvolvimento de habilidades e criatividade.
UMÓI - O objetivo de promover o empoderamento e a capacitação de moradores locais, especialmente mulheres em situação de vulnerabilidade, por meio da criação e produção de roupas originais, sem gênero e reutilizáveis, incentivando o consumo consciente. Além da confecção de peças, o projeto busca ampliar seu impacto oferecendo oficinas de capacitação, visando atrair mais mulheres para o empreendedorismo e contribuir para a elevação da potência local, conscientizando sobre a importância do empreendedorismo como meio de garantir o direito constitucional à dignidade da pessoa humana.
MY MOON - My Moon é uma empresa de pelúcias artesanais e hipoalergênicas, a única no estado da Paraíba e uma das cinco do Brasil, voltada principalmente para os bichos da fauna brasileira, trazendo o sentimento de pertencimento. No âmbito social desenvolve um projeto, onde ensina as pessoas em situação de vulnerabilidade social a costura, e partir de formados entram em uma cooperativa para costurar tanto as peças da empresa, quanto as de quem tenham demanda, oferecendo uma profissão e gerando renda para essas pessoas.