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Governo da PB lança conjunto de políticas públicas com foco em transição energética

publicado: 08/07/2024 16h28, última modificação: 08/07/2024 16h28
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Fotos: Mateus de Medeiros
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A atual transição energética tem sido apontada como um dos grandes pilares para o crescimento econômico e social dos países, de forma justa e inclusiva. Trata-se da passagem da geração de energia a partir dos combustíveis fósseis - que emitem carbono - para uma com baixa ou zero emissões de carbono, baseada em fontes renováveis. Tal substituição envolve demandas para a ciência, a tecnologia e a criação de soluções inovadoras, o que gera novas oportunidades para o ensino acadêmico, para o mercado de trabalho e para o empreendedorismo. Nesse contexto, o Governo do Estado da Paraíba lança um conjunto de políticas públicas, o “Conectando Startups”, focado em transição energética, um setor fundamental para o desenvolvimento socioeconômico da Paraíba.

O “Edital Desafios Tecnológicos e Inovação – Conectando Startups – Transição Energética” está aberto até o dia 25 de julho. Os recursos financeiros são exclusivamente oriundos do Tesouro Estadual na ordem de R$ 1,5 milhão e disponibilizará até R$ 150mil para cada projeto selecionado. É uma iniciativa da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties–PB), em parceria com a Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq-PB).

“O Estado hoje chama a atenção pelo desenvolvimento de energias renováveis tipo eólica e solar e o edital tem o objetivo de fomentar o desenvolvimento de soluções que possam agregar valor às empresas do estado para que elas possam impactar o nosso Parque Tecnológico Horizontes de Inovação”, explica Claudio Furtado, secretário da Secties-PB. É uma mudança de paradigma de todo o sistema e abre vantagens não apenas para o clima, mas para a economia e a sociedade.

A transição energética é um conjunto de instrumentos para alcançar os objetivos relacionados ao aumento da temperatura global, conforme determinado pelas Conferências das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, realizadas anualmente, conhecidas pela sigla COP. O Brasil sediará a 30ª no próximo ano.

A energia é o combustível de setores importantes para o desenvolvimento econômico como a indústria e os transportes. Uma análise histórica demonstra que o processo de transição energética não é novo. Da madeira para o carvão no século 19; do carvão para o petróleo, no século 20, e hoje em dia, a busca por aquela que menos gera gases que desequilibrem o efeito estufa. 

O que diferencia esta transição das anteriores é a urgência, pois a temperatura média anual global se aproximou de 1,5 grau Celsius acima dos níveis pré-industriais. Os cientistas alertam que é um limite perigoso, gatilho para a aceleração de eventos climáticos e que aumentam as chances de ocorrerem catástrofes.

Portanto, o conjunto de soluções a serem propostas pelos candidatos neste edital devem confluir para os nichos de energias renováveis, eficiência energética, descarbonização, digitalização, transição justa ou integração de setores. 

Mas o que é Efeito Estufa?

O efeito estufa é um fenômeno da natureza, uma troca de energia entre a superfície e a atmosfera, um dos agentes para o equilíbrio entre o frio e o calor no Planeta. “É a presença desses gases na atmosfera o que torna a Terra habitável, pois, caso não existissem naturalmente, a temperatura média do planeta seria muito baixa, da ordem de 18ºC negativos. A temperatura média global de 14ºC  próximo à superfície é mantida por meio desse  fenômeno” (MMA/Brasil).

O problema é que a balança está pesando para o lado gasoso na atmosfera, com o aumento do dióxido de carbono (CO2), desequilibrando o sistema. A energia refletida na forma de calor, devido a mudanças na concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, é maior. O CO2 é o gás mais abundante no planeta e é o mais produzido na atividade humana, principalmente pelo transporte e pela indústria. 

Por isso, a descarbonização é urgente e necessária, o que significa encontrar meios de abastecimento que diminuam a produção de gases.

A atuação do Governo do Estado, por meio da Secties-PB, na criação de políticas direcionadas a essas demandas do mercado toma esta direção. Na avaliação de Euler Macedo, professor do curso de Engenharia Elétrica e diretor do Centro de Energias Alternativas Renováveis (CEAR) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o estado se destaca na capacidade técnica e inventiva tanto dos docentes quanto dos alunos. “Com isso a gente consegue desenvolver tanto a parte de hardware quanto de software que façam melhorias ou otimizações nessa geração de energia renovável”.

Sobre o edital, o diretor do Centro de Energias Renováveis da UFPB, Euler Macedo, complementa: “uma empresa nascente precisa validar o seu modelo de negócios e muitas vezes estudantes de graduação ou pós-graduação não têm essa condição financeira. Com esse tipo de edital o governo fomenta a criação e  a concretização dessas empresas”. 

Energias renováveis para além do Sol e do Ar

A abrangência do conceito de energias renováveis ultrapassa a geração de energia solar e eólica e abre uma série de aplicações. O professor Euler Macedo menciona as frentes de atuação nessa área, usadas como base na prática do ensino acadêmico: “No curso de Engenharia Elétrica há pesquisas em utilização otimizada da energia, o desenvolvimento de novas tecnologias de instrumentação eletrônica e sensoriamento e diversas outras aplicações. No curso de Energias Renováveis nós temos o desenvolvimento de novos materiais aplicados à energia, a parte de biocombustíveis. Ou seja, desde a parte elétrica e eletrônica quanto a parte de materiais e técnica, isso tudo está relacionado com esse momento que é a transição energética”, informa Macedo.

Um fato ilustrativo do que o diretor do CEAR/UFPB fala é encontrado na Paraíba. Como destacou o secretário Claudio Furtado, “o Estado hoje chama a atenção pelo desenvolvimento de energias renováveis tipo eólica e solar”. Sobre isso, informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) dão conta de que 46% da potência fiscalizada (em operação) na Paraíba é de origem eólica e 27.65% vem das da fotovoltaica (solar). Há 42 empreendimentos eólicos e 27 usinas solares.

O professor Euler falou sobre um caso emblemático de um projeto que vislumbrou a geração de energia fotovoltaica na qual foi empregada uma solução inovadora criada na universidade. “É uma aplicação que utilizou inteligência artificial para fazer o posicionamento de painéis de energia solar. O produto foi validado em uma grande usina fotovoltaica em Coremas, uma cidade paraibana. O resultado foi o  aumento da geração de energia em mais de 7% no dia, a partir do uso dessa inteligência artificial”.

O sucesso tem impacto financeiro para a empresa e repercute para o estudante por ter sua pesquisa aplicada, chegando na ponta, constatando o resultado de forma efetiva. Esse exemplo pode ser enquadrado no processo de digitalização das redes que permite a criação de redes inteligentes, abrindo o caminho para novos serviços aos consumidores.