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Políticas Públicas

Governo da PB terá monitoramento das políticas públicas relacionados aos ODS

publicado: 19/07/2019 20h10, última modificação: 03/01/2020 11h36
Medida indicará ferramentas para melhoria da condição de vida da população
Divulgação

Professora Alessandra na Pedra da Boca

Governo da Paraíba terá monitoramento das políticas públicas relacionados aos ODS

 O Governo do Estado da Paraíba, em parceria com a Universidade Estadual da Paraíba, desenvolve mecanismos para o monitoramento e avaliação das políticas públicas. Os trabalhos serão realizados por diversas instituições (acadêmicas, governamentais e legislativas) mas estarão concentrados no Centro de Estudos Avançados em Políticas Públicas e Governança (CEAPPG), um dos cinco Centros Multiusuários de Pesquisa criados pelo Governo do Estado nos campi da UEPB.

De acordo com o Professor Carlos Enrique Ruiz, coordenador do CEAPPG e presidente do Conselho Estadual de Educação, uma das grandes dificuldades pelas quais passam países da América Latina - inclusive o Brasil - é a avaliação da política pública executada. “Nós conseguimos muito bem realizar o diagnóstico, identificar o que precisa ser feito, desenvolver a política pública, mas não temos ferramentas que avaliem os resultados dessas políticas”, explica Ruiz.

Visando essa lacuna, o Centro de Estudos Avançados em Políticas Públicas e Governança, o único Centro Multiusuário com sede em João Pessoa, efetivará uma interlocução com atores de diversas instituições a fim de elaborar ferramentas e aplicar metodologias que indiquem os resultados dos esforços empregados para a melhoria da condição de vida da população.

“Esse trabalho está sob a diretriz dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), a agenda global para o desenvolvimento aprovada pela Organização das Nações Unidas (ONU) que elencou 17 objetivos a serem atingidos até 2030. Ou seja, quais são e onde estão os dados que demonstram que estamos tendo sucesso, ou não, nas políticas públicas, levando em consideração as diretrizes dos ODS. E mais: tornar esses dados acessíveis de forma que seja possível a população acompanhar o desenvolvimento e interagir”, detalha Ruiz.

Os Centros Multiusuários de Pesquisa são uma iniciativa do Governo do Estado, pela Secretaria da Educação e da Ciência e Tecnologia, executado pela Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq).

 

 Três grandes questões balizam as ações do Centro de Estudos Avançados em Políticas Públicas e Governança: a agenda do Desenvolvimento Sustentável; os Direitos Humanos, Educação e Gênero; e a Globalização e Governança da Internet.

À primeira vista, seria questionável o fato de os Direitos Humanos receberem um destaque, uma vez que estão contemplados na agenda do Desenvolvimento Sustentável. Contudo, para Professor Carlos Enrique Ruiz, o tema exige um tratamento singular por estar conciliado ao Plano Estadual de Educação: “O Plano de Educação da Paraíba segue as determinações do Plano Nacional, mas tem o diferencial de criar para a educação em nosso estado a educação para os Diteitos Humanos, a educação para o campo, a educação quilombola e a educação indígena”. Essas metas, criadas na Paraíba, estarão, portanto, no observatório das políticas públicas do CEAPPG.

Ruiz acrescenta que a Governança da Internet, é um legado da vocação para a tecnologia que tem o Estado da Paraíba, desde a criação da Escola Politécnica em Campina Grande, na década de 1950, reforçado com a realização em João Pessoa do IGF, o Fórum Global da Internet, na sigla em inglês. O evento internacional trouxe para o estado os pioneiros que iniciaram a Internet nos Estados Unidos e em outros países do mundo para um debate acerca dos direitos e deveres daqueles que usam, comercializam, trabalham na infraestrutura técnica e operacional (softwares) da Internet. O Brasil goza de um protagonismo junto à comunidade internacional e jovens da Paraíba acompanham as reuniões em outros eventos pelo mundo.

 

Projetos das universidades estão em consonância com os ODS

 

Diante de uma tarefa complexa, o Centro de Estudos Avançados em Políticas Públicas e Governança inicia os trabalhos na própria universidade, sensibilizando os professores  a visualizarem os ODS nos projetos que coordenam. “Certamente, eles atendem a um desses 17 objetivos dos ODS, mas talvez ainda não tenham feito essa relação”, fala Ruiz.

Os projetos dos centros da UEPB que integram o CEAPPG são um exemplo disso: o Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas, Campus V, em João Pessoa; o Centro de Ciência, Tecnologia e Saúde, Campus VIII, de Araruna; o Centro de Ciências; Centro de Ciências Sociais Aplicadas e o Centro de Ciências Jurídicas, Campus I, Campina Grande, desenvolvem projetos em consonância com os ODS.

Em Araruna, a professora Alessandra Brandão, coordena um programa de extensão junto ao Parque Estadual da Pedra da Boca trazendo conscientização através da educação ambiental de estudantes e a comunidade com a intenção de minimizar os impactos negativos causados pela visitação turística e religiosa. Também traz aos olhos a importância da dos serviços ambientais prestados pelo Parque, um local que abriga diversos animais e a flora da caatinga, o que será catalogado pelos pesquisadores em um livro.

Outra ação destacada pela professora Alessandra é o “Ecoparque”, estando presente no parque, a cada 15 dias, levando estudantes de Araruna para o local. “Descobrimos que muitos jovens de Araruna não conhecem a Pedra da Boca, nem a necessidade dos cuidados por esse parque, por isso, de agosto a dezembro, receberemos 800 alunos da rede pública. Temos uma equipe de 30 pessoas, com guias, montanhistas, para gerenciar os riscos nos percursos, para dar suporte a essas atividades”, conta Alessandra. “Esse grande levantamento que estamos fazendo vai contribuir com a análise de políticas públicas, em conformidade com os ODS, especialmente nas áreas ambientais e de ensino de ciências”, complementa.

Em outra ponta, a partir de um projeto pelo Centro de Ciências Biológicas e Sociais Aplicadas da UEPB, a professora bióloga Célia Machado, realizou um diagnóstico geoambiental do município de Areia, reunindo dados de geologia, pedologia, hidrológico, de relevo, uso e cobertura do solo para determinar o estado do município, o estado da agricultura e servir como base para orientar ações e servir como base para impulsionar a agricultura do município. Determinar culturas mais apropriadas para as condições do município e servir como base para orientar ações que impulsionem a agricultura.

Esse trabalho será ampliado, agora, com financiamento do Banco do Nordeste (BNB), da Coplan e das prefeituras dos oito municípios da microrregião do Brejo de Altitude, que serão inclusos no mapeamento. O problema é que esses territórios ficaram de fora do mapeamento de áreas propícias para o plantio da cana-de-açúcar. Será o zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar, por causa de uma escala usada nos mapeamentos – uma escala nacional. Por isso, os bancos não podem financiar o plantio nesses municípios, o que é um contrassenso, pois é nessa região onde estão a maioria das cachaçarias na Paraíba, obrigando a comprar de fora a matéria-prima, onerando a produção.

 

 

 

Acadêmicos adéquam projetos à demanda do CAPPG

 

Outro esforço do CEAPPG é mudar as agendas de pesquisas dos docentes para atender as demandas de monitoramento para avaliação das políticas públicas. “As universidades têm a prerrogativa de executar estudos desse nível. O desafio desse Centro é fazer uma reengenharia das pesquisas e projetos de extensão; criar uma engenharia institucional para que os dados do acesso público se tornem mais punjantes”, fala Carlos Enrique Ruiz, coordenador do CEAPPG.

Mencionando um exemplo, Ruiz cita o professor Geraldo Medeiros, do curso de Administração da UEPB, em Campina Grande; agregou professores da Contabilidade e da Adinistração em torno de um Programa de Extensão com três projetos que contemplam tais necessidades: Grupo de Acompanhamento do Plano Estadual de Educação – uma análise de como o Plano Estadual de Educação está, ou não, sendo cumprindo. Irá esmiuçar os dados apresentados nacionalmente para descobrir os motivos que levam às diferenças da Paraíba perante à média nacional.

Tomando uma demonstração da avaliação das metas do Ensino Superior pelo Inep (2016), os indicadores alcançados na Paraíba superam à média nacional. O grupo pretende observar essas curvas e trabalhar as hipóteses a fim de descobrir as razões. Num primeiro momento, o olhar será específico nas universidades públicas, uma vez que em torno de 50% das matrículas na Paraíba, em 2017, estão nas universidades públicas, sendo que são quatro, em um universo de 42 instituições públicas e privadas. (UFPB, UFCG, UEPB e IFPB).

 

Indicadores do Ensino Superior público e privado na PB

 

Taxa líquida de Matrículas - Jovens de 18 a 24 anos, matriculados

No Brasil: 18.1%

Na Paraíba: 19.7%

(Meta PNE e PEE : que 33% estejam nas universidades)

 

Taxa Bruta: Todas as matrículas:

No Brasil: 34.6%

Na Paraíba: 38.6%

 

Títulos de Mestres e Doutores - percentual da presença nas universidades:

No Brasil: 74.3%

Na Paraíba: 80.2%

 

Só Doutores:

No Brasil: 35.1%

Na Paraíba: 40.6%

 

Dados: Inep/ 2016