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Pesquisadores e professores falam sobre o fascínio da Física

publicado: 21/05/2023 00h00, última modificação: 29/05/2023 11h32
No dia 19 de maio, foi comemorado o Dia Nacional do Físico, profissional atraído pelo funcionamento das coisas e do universo
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Claudio Furtado, secretário de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior, é físico/ foto: Mateus de Medeiros
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Márcio Medeiros Soares é professor do Departamento de Física da UFPB/ foto: Mateus de Medeiros
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Isaiane Bezerra é mestranda em Física/ foto: Ravi Pacheco
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Vladyr Yuri Cavalcanti é técnico de laboratório e tem doutorado em Física/ foto: Mateus de Medeiros
2023.05.21 - Dia do físico - Claudio Furtado - 01 - foto Mateus de Medeiros
2023.05.21 - Dia do físico - Márcio Medeiros Soares - 01 - foto Mateus de Medeiros
2023.05.21 - Dia do físico - Isaiane Bezerra - 01 - foto Ravi Pacheco
2023.05.21 - Dia do físico - Vladyr Yuri Cavalcanti - 01 - foto Mateus de Medeiros

Quando a Inglaterra sofreu com a peste negra, por volta de 1660, a Universidade de Cambridge foi fechada porque foi necessário o distanciamento social. Um de seus alunos, então, voltou para sua vila e um dia – reza a lenda – estava sentado embaixo de uma macieira quando uma maçã caiu em sua cabeça. A partir daí, refletiu sobre a razão da fruta cair em direção ao chão e não o oposto. O estudante era Isaac Newton e este foi o ponto de partida do estudo da lei da gravidade, um dos grandes momentos históricos da física. O físico é esse cientista movido pela observação sobre o mundo e pelas indagações sobre como ele funciona e que possui um dia para lembrar de sua contribuição para o conhecimento e para as melhorias em nossas vidas: 19 de maio, Dia do Físico.

“Desde pequeno sempre me interessei pelo porquê das coisas. Uma curiosidade que acho que nasceu comigo”, conta o professor Dionísio Bazeia, do Departamento de Física da UFPB, que possui doutorado em Física pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT). “Perguntar: por que as estrelas brilham? Por que o céu é azul? Por que o brilho do Sol é muito mais forte e mais intenso que o brilho da Lua? Por que a água é líquida e o gelo é sólido? Esse tipo de questões sempre me fascinou desde pequeno”.

“O que se faz na ciência, mais do que responder, é fazer boas perguntas. E desenvolver seu trabalho na busca por respostas”, explica Márcio Medeiros Soares, também professor no Departamento de Física da UFPB, com estudos na área de magnetismo experimental. “As respostas são importantes, mas, antes de boas respostas, sempre tem boas perguntas”.

“O que tem de mais fascinante na Física é sempre procurar respostas de perguntas que vêm da natureza”, aponta Claudio Furtado, secretário de Estado de Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior. “E isso vem desde a famosa maçã de Newton, que inspirou a criar a teoria da gravitação universal”.

Para ele, é fundamental na área ter uma postura particular perante o mundo e a sociedade. “Para ser físico é preciso ser muito questionador”, afirma. “Você não aceitar logo o que sempre dizem que é verdade. A primeira grande característica é essa”.

A partir dessas perguntas, a Física contribui com a evolução do conhecimento sobre a natureza e sobre o universo, mas também em aspectos bem mais práticos. “Por exemplo, a lâmpada LED, que hoje é dominante, é um desenvolvimento a partir de conceitos básicos que foram estudados e desenvolvidos por físicos”, conta Soares. “Posso citar tudo o que tem no seu celular, por exemplo: foi desenvolvido a partir de estudos básicos de Física. Mas você não tem só respostas e desenvolvimento de produtos. Você também tem desenvolvimento de processos, de formas de pensar inovadoras. Isso também é importante”.

“Achava interessante porque você conseguia explicar todos os fenômenos da natureza”, diz Vladyr Yuri Cavalcanti, técnico de laboratórios na UFPB, que trocou uma carreira na Força Aérea, onde era 3º sargento, pela Física. Na área, concluiu a licenciatura, depois mestrado e doutorado em Engenharia Mecânica, além de ter sido professor em universidade privadas. “No laboratório, auxilio o professor nas montagens e elaboração de roteiros. E crio experimentos específicos para atender alguma necessidade do professor”.

“A explicação dos fenômenos da natureza. Ainda sou apaixonada por isso”, resume Isaiane Bezerra, mestranda em Física na UFPB, que estuda teoria de campos. “A física é muito bonita. Ela está em tudo o que você vê”.

 

Interesse despertado na infância e adolescência

 

Neil deGrasse Tyson, um dos astrofísicos mais populares da atualidade, disse em uma entrevista: “Crianças já nascem cientistas. Um cientista adulto é uma criança que nunca cresceu”. Para ele, crianças tem essa característica da curiosidade e essa fagulha pode ser determinante para nascer, aí, um cientista. Não por acaso, muitos cientistas em geral – e físicos em particular – contam que essa aptidão surgiu muito jovem. Despertada por um parente pesquisador ou na escola.

“Conheci a física no Ensino Médio. Já me identificava com as disciplinas de matemática e física”, conta Isaiane Bezerra. “Gostava muito das disciplinas de laboratório. Era meio que a gente estar sendo autor já ali”.

“Desde criança sempre tive bastante curiosidade com matemática e com física também”, acrescenta Márcio Medeiros Soares, que possui doutorado em Física pela Unicamp. “Tenho um tio que é físico e foi uma influência. Mas acho que minha principal influência foi um professor no Ensino Médio em que todas as aulas dele eram no laboratório”.

Esse fato teve um impacto muito forte na decisão dele de seguir por essa área da ciência. “Porque esse professor despertava muito a curiosidade e eu era aquele aluno que queria saber mais, queria saber realmente os fundamentos, o que estava por trás de tudo o que acontecia na natureza. Acho que uma coisa que marca muito os físicos é a curiosidade, é querer saber mais”, diz.

Dionísio Bazeia também percebeu no Segundo Grau (hoje, Ensino Médio) que a Química e a Física respondiam suas indagações de adolescente. “E eu tenho um irmão mais velho que também é físico e certamente ele me influenciou muito”, conta.

Claudio Furtado também se interessou pela Física no Ensino Médio. No Fundamental, pretendia estudar engenharia nuclear. No Médio, visitou o Departamento de Física da Universidade Federal de Pernambuco e sua perspectiva mudou para a Física teórica. “Comecei a me interessar por assuntos como a formação do universo, a relatividade geral”. Na universidade, seu trabalho passou a ser com os chamados “defeitos topológicos”.

Já Rubens Freire, secretário executivo de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, optou pela Física já na universidade: sua aptidão se mostrou a partir das ótimas notas nas provas dessa área, o que atraiu o interesse dos professores. Naquela época, em 1969, o vestibular era feito para grandes áreas. Freire entrou na área de ciências exatas e da natureza e engenharias. A área específica profissional era escolhida após passar por um ciclo básico.

“Tem uma dimensão que é o exercício intelectual, que é muito forte, muito atraente”, lembra ele, que também percebeu desde cedo a vocação para ensinar. “E a curiosidade sobre o que é a natureza. Você compreender o que é a natureza nos inúmeros aspectos com que ela se manifesta diante de nós. É muito envolvente”.

 

 

Alguns grandes físicos da História

 

Isaac Newton (1643-1727): o físico inglês estabeleceu as três leis universais do movimento, e a lei da gravitação universal. “Ali você tem uma quebra de paradigma. Newton explica não só a questão da gravitação universal, mas ele estudou também a ótica”, diz Claudio Furtado.

 

Marie Curie (1867-1934): A polonesa foi a única cientista a ser laureada com os prêmios Nobel de Física e Química. Descobriu os elementos rádio e polônio e foi pioneira nas pesquisas sobre a radioatividade.

 

Max Planck (1858-1947): O alemão desenvolveu estudos sobre a radiação que depois geraram a área da mecânica quântica. “Uma revolução que desembocou em todos esses desenvolvimentos de produtos que a gente tem hoje no nosso bolso”, conta Márcio Medeiros Soares.

 

Albert Einstein (1879-1955): o alemão criou a teoria da relatividade, que diz que tempo e espaço são relativos, e estabeleceu a relação entre massa e energia, com a famosa equação E=mc2. “Além de tudo isso, foi um grande humanista”, acrescenta Furtado.

 

 

Stephen Hawking (1942-2018): o britânico desenvolveu teorias sobre a origem e o desenvolvimento do Universo, além da dinâmica dos buracos negros. “Grande físico teórico, ficou muito na mente das pessoas”, diz Furtado.

 

Texto: Renato Félix