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EMPREENDEDORISMO

Equipes do Ouse Criar são destaque em evento de startups

publicado: 18/12/2022 00h00, última modificação: 19/12/2022 13h08
Estudantes da Rede Estadual de Ensino foram premiados no StartPB 2022, com projetos voltados a cuidados com pets e mulheres no mercado de trabalho
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Equipe ProCPets recebe seu prêmio do secretário Rubens Freire/ foto: divulgação
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Equipe ProCPets recebe o prêmio do secretário Rubens Freire/ foto: divulgação
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Equipe ProCPets apresentando seu projeto/ foto: divulgação
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Equipe Fridas recebe o prêmio de Giovania Lira, coordenadora do Ouse Criar/ foto: divulgação
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Equipe Fridas recebe o prêmio de Giovania Lira, coordenadora do Ouse Criar/ foto: divulgação
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Equipe Fridas apresentando seu projeto/ foto: divulgação
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Renato Félix

 

Estudantes do Ensino Médio da Rede Estadual de Ensino participaram com destaque do Demoday, evento realizado na quarta passada pelo Sebrae Paraíba para apresentação de equipes que participaram do StartPB, curso para aceleração de startups. Das 15 equipes selecionadas para apresentarem seus projetos, oito delas estão no programa Ouse Criar, promovido pelo Governo do Estado através da Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia e da Secretaria Executiva de Ciência e Tecnologia. Duas delas foram premiadas: uma proposta de startup voltada a cuidados com pets, da cidade de Lastro, alcançou o 3º lugar, e outra para inserir mulheres em vulnerabilidade social no mercado de trabalho, de Sousa, ganhou o prêmio de destaque pela melhor apresentação.

O Demoday foi realizado no auditório do Sebrae, em João Pessoa. 20 equipes que estão na segunda fase do Ouse Criar participaram do StartPB, recebendo orientações por quatro meses, em encontros quinzenais aos sábados. Na segunda-feira, um “pré-pitch”, uma rodada de apresentações curtas dos 50 projetos participantes, para 15 serem escolhidos para as apresentações de quarta.

No Demoday, na frente da plateia e de uma comissão julgadora, cada equipe teve três minutos para apresentar seus respectivos projetos e mais três para responder questionamentos da banca. Nesse contexto de pressão e que combina competição e companheirismo, a equipe ProCPets conseguiu o terceiro lugar.

Emília Gabriel de Lima, José Edson Neto A. Gomes e Maria Clara Augusto Abrantes são estudantes do 2º ano, da ECI Nestorina Abrantes, da cidade de Lastro, no sertão, e tem a mentoria da professora Patrícia Poliane de Oliveira Santos. Os adolescentes sugeriram um trabalho que fosse voltado à proteção e cuidado com os animais domésticos.

“Eles observavam a questão do abandono dos muitos animais nas ruas e que a cidade não tem nenhum estabelecimento no segmento de atendimento a pets – nem pet shop, nem clínica veterinária”, conta a professora. “Qualquer necessidade de atendimento, é preciso se deslocar até Sousa, que fica a 33 quilômetros”.

O aplicativo pretende facilitar esse encontro entre clientes e fornecedores de serviços. “Ao entrar no aplicativo, o cliente vai poder consultar veterinários de plantão e onde estará tendo ofertas para comprar ração, coleiras, produtos de higiene ou solicitar banho, tosa...”, explica Patrícia. “O projeto está sendo desenvolvido com a parceria de empresas de Sousa”. O mercado de Sousa e região é o primeiro alvo, com a ideia, claro, de expandir em breve.

A ideia é também oferecer um atendimento especializado. “A gente vai acompanhar datas de vacinação, tempo necessário para banho e tosa, etc”. Atualmente na fase de prototipagem, o trabalho começou em fase de testes em um grupo de whatsapp que reúne donos de pet, parceiros e apoiadores da causa animal. “A gente posta dicas, os parceiros postam promoções, temos um médico veterinário que dá dicas semanais”, conta a professora mentora. “E divulgamos pelo instagram”.

Apresentar o projeto foi, em si, um desafio para esses jovens. “Eles ficaram bastante nervosos, apreensivos”, conta a professora. “Estavam acostumados a apresentar apenas para os colegas da escola. Mas são bem engajados, comprometidos, responsáveis com o projeto. A comunicação com o publico também ajuda bastante. Desde que começaram o curso estão mais desenrolados. Eram muito tímidos. Foi uma experiência única pra eles e pra minha vida também”.

Um fim de ano que coroou uma rotina em que professora e alunos trabalharam no projeto na escola, após o almoço, e à noite, após as aulas. “E, nos sábados, os alunos ainda precisavam se deslocar para Sousa, para participar do StartPB”, lembra ela. O terceiro lugar valeu à equipe uma assessoria para gerir os recursos financeiros e outra na parte de design do projeto.

O programa Ouse Criar prevê três fases, acompanhando o período do Ensino Médio. A terceira fase, que estes alunos percorrerão em 2023, é o final, do qual os alunos podem sair com uma empresa preparada. Eles recebem R$ 25 mil no total dos três anos de programa para desenvolverem seus projetos e se prepararem para se inserir no mercado.

 

 

Inserir mulheres no mercado de trabalho

 

Também é do sertão a outra equipe do Ouse Criar que foi destaque no Demoday do Sebrae Paraíba. E esta formada só por garotas e com o objetivo de fazer a diferença em questões importantes envolvendo gênero e mercado: a inserção de mulheres em vulnerabilidade social no mercado de trabalho. A equipe com o simbólico nome de Fridas é da ECI Mestre Julio Sarmento, na cidade de Sousa, e foi destaque com a melhor apresentação – ganhando uma assessoria de gestão financeira.

As estudantes são Ianara Vitória, Erika Estrela, Lohana Beatriz e Byanca Raveny, do 2º ano do Ensino Médio, e a professora mentora é Leyla Maria da Costa Maia, que explica que as metas do grupo estão alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela ONU, mais precisamente o ODS 5 (igualdade de gênero) e 8 (emprego digno e crescimento econômico).

 

Equipe Fridas recebe o prêmio de Giovania Lira, coordenadora do Ouse Criar/ foto: divulgação

Equipe Fridas recebe o prêmio de Giovania Lira, coordenadora do Ouse Criar/ foto: divulgação

 

Mais uma vez, a ideia partiu da observação das alunas da própria realidade ao seu redor. “Elas conhecem outras alunas da escola, amigas, parentes que terminam o Ensino Médio e não conseguem emprego porque não têm experiência. Seus currículos muitas vezes não são sequer olhados”, diz a professora Leyla. “É muito difícil meninas de comunidade alcançarem sucesso profissional e independência financeira sem ter as mesmas oportunidades”.

Apesar de ser localizada em uma área central da cidade, a escola é cercada por bairros periféricos e possui muitos alunos de áreas mais vulneráveis socialmente. A partir da observação empírica, as garotas e a professora passaram a buscar dados mais concretos. Ficaram surpresas e assustadas ao se depararem com o número do Ipea de que 43,7% das mulheres em idade de trabalho na Paraíba não estão no mercado formal.

“Sabemos que no mundo dos negócios ainda somos poucas e temos desvantagens, em relação a homens e mulheres brancas”, pondera a professora. “Mas a partir do momento que a gente consegue um trabalho, vive dignamente”.

A ideia da startup em criação é ser um serviço que atende a essas mulheres fora do mercado de trabalho, identifica seu perfil funcional e buscar inseri-la em empregos mais indicados para cada uma, com ganhos não só para a nova funcionária, mas para a empresa. O modelo é B2B, ou seja: uma ponte entre possíveis funcionárias e empresas. Um aplicativo será criado, mas o atendimento também será presencial e a fase de receber currículos já começou.

“Dentro da escola elas já receberam muitos currículos”, afirma a professora. “O projeto já está em andamento. O cadastro será gratuito, elas serão selecionadas por perfis e termos a parceria de universidades para moldar esses currículos. E haverá o acompanhamento mensal das mulheres”.

Ela afirma que também há uma diferença para sistemas de seleção como o Sine. “Não queremos selecionar, queremos incluir, que todo currículo cadastrado tenha a perspectiva de entrar no mercado de trabalho”, afirma. “Não é uma ONG. É um negócio de impacto social. É um trabalho árduo, e como todo trabalho que está começando, a gente sabe que é algo construído por ciclos”.

A equipe já conseguiu uma parceria com a Prefeitura de Sousa e em 2023 fará um estágio no Parque Tecnológico Horizontes de Inovação, em João Pessoa.