Equipe de jogo premiado será incubada pelo Parque Tecnológico Horizontes de Inovação

Com um de seus jogos reconhecidos com o primeiro lugar no prêmio Diplomacia Verde da União Europeia no Brasil, o projeto “ODS Gamificados”, desenvolvido por estudantes da Escola Cidadã Integral Técnica Otávia Silveira, de Mogeiro, será incubado pelo Parque Tecnológico Horizontes de Inovação. “Nossa expectativa é a melhor possível. Era um desejo nosso passar por um programa de incubação e transformar a ideia dos estudantes em um negócio”, diz Suênio Alves, professor e coordenador do projeto.

A ideia surgiu de um desejo dos estudantes de criar jogos a partir de seus próprios celulares e computadores, abordando temas ligados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU. “Essa iniciativa começou a ser desenvolvida dentro de duas disciplinas eletivas: ‘Vem Jogar’ e ‘Crie Seu Jogo’”, conta.

Os estudantes criaram jogos baseados nos problemas ambientais locais e globais, como o lixo plástico nos oceanos e o tráfico de animais silvestres na caatinga inspiraram os jogos. “São jogos de aprendizagem que buscam sensibilizar a comunidade sobre os problemas ambientais com objetivo de motivar e engajar as pessoas para ações sustentáveis”, explica o professor.

Assim, em um dos jogos, “ODS Vida na Água”, uma tartaruga busca se alimentar corretamente, com algas, mas encontra diversos obstáculos no lixo jogado no mar, como garrafas pet, sacolas plásticas, canudos, entre outros. Ao tocar no lixo, a tartaruga é impedida de chegar ao seu objetivo e uma mensagem de conscientização ambiental aparece para o jogador. O jogo foi construído na plataforma GDevelop por Ygor da Silva, estudante do 2º ano do Ensino Médio, e corresponde ao objetivo 14 na lista dos ODS: “Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”.

O outro game, que aborda o problema do tráfico de aves silvestres que tem afetado a biodiversidade se chama “ODS Vida Terrestre: Sobrevivendo na Caatinga”, desenvolvido pelo estudante egresso Daniel José. “Nesse game, pássaros da nossa região tentam se livrar das armadilhas colocadas por caçadores”, conta Suênio Alves. É referente ao objetivo 15 da lista de ODS: “Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade”.

O trabalho premiado dos estudantes paraibanos já pode ser conhecido pelo público interessado: os dois games estão disponíveis gratuitamente. “ODS Vida na Água” pode ser baixado gratuitamente na Play Store. Além disso, os dois jogos podem ser encontrados na plataforma GDevelop e na comunidade virtual da plataforma Pocket Code, a Catrobat.

“Os estudantes envolvidos nessa iniciativa possuem um projeto de vida voltado para a área de jogos digitais, mas não conheciam o mundo da programação como agora”, conta o professor. “Eles não tinham experiência nesse campo de programação e as habilidades deles foram desenvolvidas justamente nas eletivas que foram criadas durante o ano passado”.

Primeiro usaram os próprios celulares para criar os jogos, na plataforma Pocket Code. “Depois replicaram no computador de forma mais completa, na plataforma GDevelop, o que permitiu a publicação na Play Store”. O projeto de construção dos jogos começou no primeiro semestre de 2022. “No decorrer do segundo semestre letivo, os estudantes já tinham as primeiras versões de teste interno do jogo”, conta Suênio Alves.

A equipe, chamada Game Start, é composta por dois professores mentores (Suênio Alves e João Batista) e seis estudantes (cinco do 2º ano do Ensino Médio e um estudante egresso). O prêmio da União Europeia animou ainda mais o grupo, que agora vai começar uma nova etapa junto ao Parque Tecnológico Horizontes de Inovação. “Nosso objetivo agora é, após passar pelo programa de incubação, criar uma startup na área de jogos digitais de aprendizagem”.

Diplomacia verde ganhou força neste século

O jogo “ODS Vida na Água” ficou em 1º lugar na categoria Ciência Cidadã no prêmio Diplomacia Verde da União Europeia no Brasil, entregue em maio, em Brasília. Com o título “Clima, meio ambiente e energia: o papel dos jovens na preservação e inovação para o futuro de todos”, esta foi a 3ª edição do concurso, que atribui o prêmio a jovens que pretendam ser protagonistas na mudança para um futuro mais sustentável, verde e inclusivo.

A chamada “diplomacia verde” vem ganhando força na relações internacionais neste século, exigindo de cada país posicionamentos com relação a temas cruciais como o aquecimento global, a agricultura sustentável e crédito de carbono. Estes assuntos também deixaram de ficar enclausurados apenas em discussões sobre ambientalismo e agora são relacionados com maior força à economia, comércio exterior e têm peso nos acordos multilaterais (como o da UE com o Mercosul). Por isso a iniciativa da União Europeia no Brasil em instituir um prêmio que traga mais jovens para este debate.

Os jovens estudantes paraibanos participaram do Desafio Celso Furtado, que foi criado pelo Governo da Paraíba, por meio da Secretaria de Estado de Educação, e ganharam uma bolsa que levou o projeto inicial a outros horizontes e permitiu a inscrição no prêmio Diplomacia Verde da União Europeia no Brasil. A equipe ganhou um computador de última geração, além do fato de que seus projetos chegaram ao conhecimento de autoridades internacionais, como os embaixadores de países europeus presentes à cerimônia de premiação.

Os objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que inspiraram os jogos criados pelos estudantes de Mogeiro, foram estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, através de um pacto global envolvendo seus 193 países membros. O esforço para atingir a meta de desenvolvimento sustentável nos próximos anos ficou conhecido como “Agenda 2030”. No ranking de 2022, o Brasil aparece em 53º lugar. A Finlândia lidera a lista de países.

ODS 1: erradicação da pobreza

ODS 2: fome zero e agricultura sustentável

ODS 3: saúde e bem-estar  para todos e em todas as idades

ODS 4: educação de qualidade

ODS 5: igualdade de gênero e empoderamento de todas as mulheres e meninas

ODS 6: disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos;

ODS 7: energia acessível e limpa

ODS 8: trabalho decente e crescimento econômico

ODS 9: construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação;

ODS 10: reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles;

ODS 11: tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis;

ODS 12: assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis;

ODS 13: combate à mudança do clima e seus impactos;

ODS 14: conservar e promover o uso sustentável dos oceanos

ODS 15: proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres

ODS 16: promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável

ODS 17: fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

Texto: Renato Félix