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EMPREENDEDORISMO
Empresas de editais Centelha e Tecnova mostram avanços científicos
Renato Félix
A 3ª edição da Agropec Semiárido, evento realizado entre 26 e 28 de setembro no Centro de Convenções de João Pessoa, reuniu produtores, pesquisadores, trabalhadores e professores ligados sobretudo ao setor agropecuário para apresentar avanços científicos e tecnológicos. A Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq-PB) esteve presente em dois dos três dias do evento para ancorar a apresentação de seis empresas que foram selecionadas pelos programas Centelha e Tecnova, editais que recebem financiamento da fundação. Os presidentes dessas empresas falaram sobre suas trajetórias e apresentaram o desenvolvimento de seus produtos.
“A crescente presença da Fapesq nos ecossistemas de inovação em formação ou consolidação no Estado, interagindo com as demais entidades integrantes desses ecossistemas, contribui para alavancar o empreendedorismo e a inovação na Paraíba e, em consequência, para o desenvolvimento socioeconômico e geração de emprego e renda”, afirma Silvio Rossi, gerente de Inovação e Empreendedorismo da Fapesq-PB.
Os programas Centelha e Tecnova são promovidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e pela Finep, com apoio do CNPq e Sudene, e executados na Paraíba pela Secretaria de Estado da Educação, Ciência e Tecnologia (Seect) e pela Fapesq-PB. E são destinados a startups em diferentes estágios de criação e atividade.
“O Centelha permite que uma ideia na cabeça de qualquer pessoa possa se transformar em algum produto ou algum processo inovador e, a partir daí, conquistar a sociedade, conquistar o mercado”, explicou Rossi. “E o empreendedores que chegarem ao final do Centelha têm a oportunidade de participar do Tecnova. Este é o que garante a escalabilidade, a aceleração do processo de inovação, que consolida a empresa que foi criada com o Centelha”.
A participação da Fapesq-PB no evento teve o objetivo de dar seguimento à divulgação e disseminação desses dois programas no âmbito da Paraíba. “Tanto para dar destaque às empresas beneficiárias, quanto para mobilizar outras iniciativas, desde a fase da ideação, no Centelha, até o apoio a empresas inovadoras já existentes, no Tecnova”, conta ele. “São 63 empresas no total, até o momento, na Paraíba, em pouco mais de três anos. Somam-se a essas 63 outras 39 que, ainda em 2022, serão selecionadas no âmbito da versão 2 do Centelha, em andamento”.
Das seis empresas que se apresentaram, divididas em dois dias, três foram selecionadas para o Centelha (Alcalitech, KKF e Yby) e outras três para o Tecnova (Laboremus, Sowbrazil e Vierbrauer). “E registre-se, que, dentre as 18 empresas recentemente contratadas pela Fapesq no Tecnova 2, seis vieram do Centelha 1”, explica Silvio Rossi. “E isso é muito importante para o crescimento e consolidação dessas empresas no ecossistema de inovação da Paraíba, habilitando-as, portanto, a novas conquistas – como linhas de financiamento, investidores, capacitações, entre outras –, permitindo-lhes conquistar novos mercados – inclusive o mercado externo”.
Catamarãs são construídos com fibra de coco
A KKF Náutica, com área de atuação em design náutico, apresentou projeto para construção de catamarãs utilizando fibra de coco. A ideia surgiu da observação de quantos cocos eram desperdiçados, sem aproveitamento após a água ter sido bebida.
KKF vem da palavra alemã “Kokosfaser”, que significa exatamente “fibra de coco”. A fibra de coco e a resina vegetal dão ao produto leveza e, ao mesmo tempo, resistência e flutuabilidade: o catamarã pesa 40,8 kg, com capacidade de carga para até 320 quilos. O projeto da empresa sediada em Cabedelo começou em 2020, com a aprovação no Centelha.
Smartphone analisa qualidade de água
A Alcalitech é uma empresa da indústria 4.0 e de tecnologia da informação, sediada em Campina Grande. Atualmente está incubada na Fundação Parque Tecnológico da Paraíba e participa de projetos de desenvolvimento tecnológico com a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e a Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
”Ela apresentou um multianalisador, equipamento portátil para análises de água”, conta Rossi. “Ele faz uso de um smartphone para determinar parâmetros da qualidade e obter dados para georreferenciamento em tempo real”.
Equipamento ajuda na colheita de palma forrageira
A Laboremus é uma empresa de Campina Grande que produz máquinas e implementos agrícolas. “Ela apresentou o equipamento para mecanização da colheita de palma forrageira”, diz Rossi. “Esse equipamento é resultado de pesquisas e inovações aplicadas ao equipamento ao longo de vários meses”.
A empresa data da década de 1920 e se consolidou no mercado de desenvolvimento de máquinas agrícolas. Seu equipamento para colheita de palma forrageira ficou exposto à visitação no estacionamento do Centro de Covenções, durante a Agropec.
Equipamento melhora oxigenação da água
A Sowbrazil é uma empresa com atuação em agroindústria e produção de alimentos com água salobra. Atua principalmente na dessalinização e tratamento de fontes de água para diversos fins. Já atuou, por exemplo, no fornecimento de água para shoppings e hospitais.
“A empresa apresentou um aerador hidrociclone para aquicultura – microalgas, peixe e camarão”, informou Rossi. Um aerador é responsável pela oxigenação da água, incorporando o ar no ambiente aquático. Assim, os animais podem respirar bem e se desenvolver de forma plena. Já o hidrociclone separa partículas presentes na água por meio da força centrífuga.
Cervejaria desenvolve produto com adição de mandioca
“A Vierbrauer, empresa produtora de cervejas artesanais, apresentou projeto para desenvolvimento de cerveja com adição de mandioca”, conta Rossi. A empresa, sediada em Cabedelo, já produz marcas como a Severina, Forrozeiro, Arretada e Gota Serena.
“A cerveja com adição de mandioca é um desafio estratégico para a empresa”, disse Kristerson Freire, sócio da cervejaria, cujo nome alemão significa “quatro cervejeiros”, em alusão aos quatro amigos que começaram o negócio. Freire explica que os povos indígenas já tinham a tradição das bebidas destiladas. “Reslovemos resgatar um pouco dessa história desenvolvendo uma cerveja com a adição de mandioca”.
Biotecnologia usa bactérias para ajudar plantas
A Yby Inovações Tecnológicas é uma empresa biotecnológica que produz bioensumos para agricultura. O nome da empresa é uma palavra da língua tupi que significa “terra”. “Ela destacou o desenvolvimento de inoculantes com bactérias promotoras de crescimento de plantas multifuncionais oriundas da biodiversidade do Nordeste”, explica Silvio Rossi.
“Particularmente as gramíneas, que são o foco inicial que nós temos dado”, contou Carlos Nascimento, sócio da empresa. “A gente esquece que, na planta, existe todo um conjunto de microoriganismos que está ali, associado àquela planta, que funciona como um reservatório de funções adicionais que a ajudam a sobreviver num ambiente adverso”.