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Empresas de confecção buscam exportação através do Peiex
O núcleo do Programa de Qualificação para Exportação (Peiex) na Paraíba está instalado desde em 2021 e este ano superou a meta inicial de atendimento a 100 empresas. Entre as já qualificadas para exportação, 15 são do segmento de confecção e moda. Elas receberam um treinamento para que possam disputar mercado no exterior com conhecimento das regras locais e com estratégia para chegar lá. Os núcleos Peiex são oferecidos e geridos pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil), sendo implementados em todo o país por meio de parcerias com universidades, parques tecnológicos, fundações de amparo à pesquisa e federações da indústria brasileira. Na Paraíba, a parceria é com o Governo do Estado por meio da da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado (Fapesq-PB), instituição vinculada a Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties).
“O Peiex na Paraíba tem tido um êxito muito grande, buscando construir pontes e preparar pessoas para o trabalho de exportação a partir de produtos paraibanos”, comenta Rangel Junior, presidente da Fapesq-PB. “Isso vem acontecendo com a cadeia produtiva da cachaça e outros setores, como o de calçados e o de confecções. O projeto Peiex tem uma validade, mas o Governo da Paraíba está discutindo manter esse núcleo permanentemente funcionando na Paraíba de modo a estimular a ampliação dessa ação de exportações a partir das diversas cadeias produtivas da Paraíba”.
“A edição atual do Peiex-PB, em execução desde julho de 2021, tem atendido um total de 24 empresas dos setores de têxtil”, explica Márcia Paixão, professora do Departamento de Economia da Universidade Federal da Paraíba e coordenadora do núcleo operacional do Peiex Paraíba. “Tomando-se como parâmetro a procura por qualificação para exportação na primeira edição do Peiex na Paraíba, realizada de 2016 a 2018, tem-se que um total de 13 empresas do setor de confecções aderiram ao programa naquele período, correspondendo a cerca de 8% do total de empresas inscritas naquela edição do programa. Na edição atual, e até o momento, o percentual de adesão de empresas de confecções é de 16%, ou seja, o dobro do observado na edição anterior”.
Ou seja: um aumento na procura deste segmento pela qualificação em busca do comércio exterior, algo que exige a implantação de uma cultura exportadora nas empresas, com preparação e adequação na sua produção e estrutura de organização interna.
Márcia Paixão é a coordenadora do núcleo Peiex na Paraíba/ foto: Juliana Lima
Para a coordenadora, a organização entre as empresas – com a concorrência se tornando uma colaboração mútua – está diretamente relacionado a esse crescimento nos números. “No âmbito específico da edição atual do Peiex no estado, uma explicação do maior interesse por qualificação para exportar passa pela união de empresas na forma de associação”, analisa. “Hoje o estado conta com a Apavest, a Associação Paraibana dos Atacadistas do Vestuário, que corresponde a um conjunto de empresas que, há cerca de um ano, se organizou e vem se ampliando com o objetivo de desenvolver a indústria de confecções do estado e, consequentemente, contribuir em maior grau para a geração de emprego e renda”.
Atualmente, a Apavest é composta por 30 empresas e, destas, 10 já aderiram ao Peiex. “Nesse caso, observamos o efeito próprio da atuação conjunta de empresas de um mesmo setor na forma de associação: identificação e aproveitamento de novas oportunidades tecnológicas e de aumento da competitividade”, afirma Márcia Paixão.
Algodão orgânico é diferencial paraibano
O empresário Syrio Solano é o atual presidente da Apavest e também o proprietário da empresa Arcatex, uma das qualificadas para exportação pelo Peiex. Segundo ele, essa adesão crescente do setor também está relacionado a uma estratégia que envolve a produção a partir do algodão orgânico paraibano. “São produtos que envolvem a economia circular, a inserção do artesanato na moda”, diz ele. “Só com o tecido sintético você não consegue concorrer com o mundo”.
Esse processo envolveu também um treinamento do Senai para os produtores paraibanos e um objetivo próximo é a participação em uma feira de economia criativa que será realizada pelo Sebrae no Espaço Cultural, de 6 a 8 de outubro. “Nessa feira, vamos consolidar o mercado nacional para, depois, ir para o exterior”, aponta Solano. “Um objetivo nosso é o primeiro semestre do ano, que é nosso período de baixa, por ser inverno. A estação do verão é ‘mais compradora’”. Por isso ele acredita que o comércio na Europa e nos EUA para os produtos paraibanos feitos a partir do algodão orgânico será mais promissor nesse período.
Para ele, a experiência com o Peiex tem sido excelente. “O programa dá toda a orientação possível para entender os processos da exportação. É um passo importante para entrar na Apex”. E o empresário afirma que a tendência do setor paraibano de confecção na busca pelo comércio exterior é forte. “A associação está organizada com este objetivo comum”.
Qualificação conjunta é estratégica
“Na prática, as empresas consideram que a qualificação conjunta com foco na exportação, além de proporcionar maior poder de negociação com potenciais compradores e instituições de fomento e crédito para exportar, induz o compartilhamento de recursos, investimentos e tempo nessa qualificação, permite uma combinação ainda melhor de mix de produtos na oferta e a partilha de riscos e custos próprios da venda para o mercado externo”, analisa Márcia Paixão.
O secretário executivo de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Rubens Freire, na reunião do Peiex/ foto: Juliana Lima
Para ela, o interesse em aproveitar as novas tendências de mercado no pós-pandemia também é propulsor desse movimento. “Nota-se que o mix de produtos das empresas qualificadas no Peiex passa pelo critério da sustentabilidade, originalidade, preservação cultural, exclusividade”, diz.
Isso está refletido nas empresas que atingiram a qualificação no programa. No último dia 9, o Peiex celebrou a qualificação de seis empresas de confecção: Arcatex Confecções, alfaiataria masculina de algodão orgânico; Ternurinha, moda infantil de algodão orgânico com crochê; Amábile Espaço Gestante, roupa íntima pós-parto; Le Forme, moda praia; Giu Magliano, moda resort; e Chrys Vilhena, vestuário feminino em fibras sustentáveis.
“Esse conjunto de empresas busca expandir suas operações e conquistar os mercados-alvo selecionados por elas: EUA, Uruguai e Colômbia”, conta Márcia Paixão.
A edição atual do Peiex também já havia qualificado outras nove empresas do setor: Newbaby, moda infantojuvenil em tecido de algodão; News Modas, moda praia; Black Cherry Fitwear, vestuário para práticas esportivas; Lipi-Luca (Madrecita), vestuário feminino; Morada, vestuário feminino feito a mão e com tingimento natural (empresa que surgiu no Centelha e evoluiu para o Tecnova, dois editais da Fapesq-PB de incentivo a startups); Valettinho, camisas masculinas com estamparia exclusiva; Vice-Versa, uniformes esportivos de dri-fit para futebol; Fartex, fardamentos profissionais; Natural Cotton Color, vestuário de algodão natural colorido.
E neste mês de agosto, mais três empresas foram captadas pelo programa: Sohe, moda feminina; Viva Celina, moda autoral; e Fás Alfaiataria, moda alfaiataria.
Peiex da Paraíba atende empresas de sete estados do NE
A Fapesq-PB participou do processo de seleção para o convênio com a Apex Brasil para a instalação do núcelo Peiex na Paraíba em dezembro de 2020 e foi escolhida em janeiro de 2021. A cifra para o investimento foi de R$ 1 milhão, com o Estado entrando com 30% do valor (R$ 300 mil).
De lá para cá, o núcleo Peiex na Paraíba alcançou relevância além das divisas do estado, já que não são atendidas apenas empresas paraibanas, mas também de outros seis estados nordestinos.
Além do setor têxtil e de confecções, outros 13 são envolvidos pelo núcleo: cachaça; alimentos e bebidas; mineração e construção; móveis; têxtil e confecção; utensílios domésticos; máquinas e equipamentos; produtos oftalmológicos; químicos; aeronáutica; TI & games; carcinicultura; preparação de couro; e artesanato. Para as empresas deste setor, abraçar o mundo é um objetivo real.