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Colheitadeira de palma impulsiona produção no Semiárido
Colheitadeira de palma apoiada pela Fapesq-PB/ foto: divulgação
A Laboremus, empresa de Campina Grande, fabrica a primeira colheitadeira de palma do mundo e vai lançar o equipamento no VI Congresso Nacional de Palma, que acontece em Montes Claros (MG), de 19 a 21 de outubro. O projeto de fabricação da máquina teve seu início em agosto de 2020. Desde então, foram desenvolvidos três protótipos até chegar à versão final. Para a pesquisa e inovação do protótipo a empresa obteve recursos por meio do programa Tecnova II, da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (Secties), de subvenção econômica à inovação nas empresas do estado da Paraíba.
O edital é executado pela Fundação de Apoio à Pesquisa da Paraíba (Fapesq-PB), em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI), destinado a empresas paraibanas com projetos de inovação. O montante global dos recursos financeiros aportados pelo Programa Tecnova II-PB é de R$ 4,2 milhões. A chamada beneficiou 18 empresas, com a destinação de R$ 1 milhão para atender aos projetos submetidos na Faixa A (projetos com orçamento entre R$ 150 mil e R$ 200 mil) e R$ 3,2 milhões para a Faixa B (entre R$ 200 mil e R$ 300 mil). A Laboremus foi beneficiada com um total de R$ 233.700.
Para o diretor/sócio da empresa, Fabiano Dias de Sousa, “o apoio financeiro vai colocar a Laboremus em outro patamar tecnológico”. Segundo ele, a colheitadeira de palma foi desenvolvida para revolucionar o agronegócio através da mecanização da cultura da palma forrageira, que possui grande valor nutritivo e faz parte da base alimentar dos rebanhos além de ser resistente a longas estiagens. Ideal para quem quer alavancar a produção rural. “A mecanização da palma é fundamental para que os potenciais produtores vejam a importância estratégica dessa cultura para o período de seca e comecem a investir na cultura”, ressaltou Fabiano.
A máquina tem a capacidade de colher entre 25 a 50 toneladas/h. É compatível para colher vários tipos de palma: variedades doces, gigante, orelha de elefante. Em plantios de fileira única ou dupla, entre linhas de centro a centro de 2m ou espaçamento livre para o trator e o vagão. Sua estrutura é toda em aço reforçado e seu sistema hidráulico é acionado através de uma bomba tracionada por cardan (que dispensa a corrente e a coroa) na tomada de força do trator. Seu sistema de tração permite vários graus de liberdade tais como; transporte sem corte de 0 a 90°; transbordo a 35° e transbordo a 90°.
O corte é executado através de dois discos serrilhados que giram em direções contrárias, permitindo um corte ainda mais perfeito, tornando a rebrota mais rápida e uniforme. Seu sistema hidráulico permite regulagem de altura de 0,25cm até 55cm. O transporte é feito através de esteiras taliscadas, sendo uma principal, que recolhe o corte e outras três para fazer o transbordo.
Palma tem várias utilidades
A palma é uma cactácea utilizada para múltiplos usos: planta forrageira, consumo humano, cercas vivas, controle de erosão, conservação dos solos, paisagismos, produção de corantes, entre outros, sendo o uso como forragem o mais importante no Brasil. É um dos cultivos mais apropriados para as regiões semiáridas, por suportar período de seca, altas temperaturas, solos pobres que exijam poucos insumos energéticos, e de fácil manejo no plantio.
Estudos científicos publicados nos últimos 10 anos demonstram o potencial gastronômico e nutricional da palma, por meio de análises físico-químicas, químicas, microbiológicas e/ou sensoriais. Segundo as pesquisas, a cactácea possui elevado valor nutritivo, rica em vitaminas, proteínas e minerais, é vista como excelente suplemento alimentar, tanto para os animais como para humanos.
Possui alto teor de água (pode fornecer até 90% das exigências nutricionais dos animais); alta produtividade de matéria seca (pode ser produzida ao longo de todo ano e suprir as demandas animais até no período de estiagem); alimento energético (alto teor de carboidratos e moderado teor de fibras, substituindo o milho na alimentação animal) e boa aceitação e digestibilidade (muito usada na alimentação de bovinos em crescimento, vacas leiteiras, caprinos e ovinos).
A palma forrageira também pode ser utilizada na alimentação humana em diversas receitas. Ela é rica em minerais como cálcio, magnésio, ferro e vitaminas com B1, B2 e vitamina A. Em países como o México, o consumo de palma na alimentação humana é algo cultural. No norte de Minas Gerais, as raquetes de palma são incorporadas ao picadinho de carne. Com o fruto da palma, também conhecido como figo da Índia, são feito sucos, geleias e néctar.
As publicações acadêmicas destacam vários produtos obtidos da palma: bebida mista, iogurte, umbuzada, mistura enriquecida e pão de forma, utilizando a polpa da palma, a entrecasca e os brotos. Foi possível concluir que a inclusão da palma forrageira na formulação de produtos alimentícios é uma alternativa viável para o aproveitamento desse vegetal.
Ações para o Semiárido
O semiárido é uma região estratégica para o Governo da Paraíba. Entre as ações de fomento do Estado está o Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais - Incluir Paraíba, executado pela Secretaria de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento do Semiárido (SEAFDS) em conjunto com a Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer). A finalidade é favorecer a ascensão social e econômica de famílias agricultoras, por meio do acesso ao fomento rural, voltado à implementação de projetos produtivos, com especial estímulo às atividades desenvolvidas por mulheres e jovens rurais.
O PB Rural Sustentável é outro projeto do Governo da Paraíba, em parceria com o Banco Mundial, com o objetivo de melhorar o acesso à agua, reduzir a vulnerabilidade agroclimática e aumentar o acesso a mercado da população rural da Paraíba, visando aumentar a renda e a geração de empregos. A proposta é beneficiar 44,6 mil famílias, o que corresponde a 165 mil pessoas.
Já o Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase), resultado da parceria entre o Governo e o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), organismo das Nações Unidas (ONU), beneficia 56 municípios do semiárido paraibano, através . O Projeto tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento rural sustentável do apoio a empreendimentos produtivos, buscando o fortalecimento da produção das cadeias produtivas já consolidadas, em expansão, ou nas quais há fortes indicadores de crescimento e necessidade de apoio.